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ALIADA Duduzile ajudou o pai a se livrar de acusação de estupro

A posse do novo presidente da África do Sul, Jacob Zuma, está cercada por uma dúvida. Nem os diplomatas envolvidos nos preparativos da cerimônia, marcada para o dia 9, sabem quem será a primeira-dama. Aos 67 anos, Zuma tem atualmente três mulheres – todas oficiais. Líder do Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutou contra o apartheid e acaba de eleger o presidente pela terceira vez consecutiva, o próprio Zuma se recusa a antecipar sobre quem recairá sua escolha. Ele também não aceita críticas ao fato de ser polígamo, uma tradição tribal difundida no país.

Mais do que um comportamento exótico, a poligamia de Zuma inclui casos de amor, suicídio e ódio ainda pouco conhecidos. "Em todo o mundo, muitos políticos fingem ser monogâmicos, ao mesmo tempo que têm amantes e filhos não reconhecidos", repetia Zuma durante a campanha eleitoral. "Eu prefiro ser honesto: eu amo todas as minhas mulheres e tenho orgulho de todos os meus filhos."

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DISCRETA Zuma com Sizakele, que faz raras aparições públicas

Com fama de ter uma coleção de amantes, Zuma já se casou cinco vezes, mas uma de suas mulheres se matou e outra pediu o divórcio. São, portanto, três as principais candidatas a primeira-dama. A lista começa por Sizakele Khumalo, que Zuma conheceu em 1959 e com quem se casou em 1973, depois de amargar dez anos atrás das grades na ilha penitenciária de Robben, junto com o ex-presidente Nelson Mandela. Discreta, Sizakele vive numa propriedade de 1,5 milhão de euros, na província rural de Nklanda, no norte do país. Raramente participa de eventos oficiais e jamais fala em público. Embora não tenha tido filhos, Sizakele é quem administra a grande família de Zuma, que contaria com pelo menos 14 filhos. O novo presidente sul-africano costuma defini-la como "minha mulher, minha irmã, amiga, minha mãe".

As outras duas potenciais primeirasdamas são Nompumelelo Ntuli, 34 anos, e Thobeka Mabhija, um ano mais nova. Os analistas políticos sulafricanos apostam suas fichas em Nompumelelo, que nasceu na mesma província que Zuma e estava ao seu lado no dia da eleição presidencial. Ao contrário de Sizakele, Nompumelelo tem grande desenvoltura social e esteve na linha de frente da campanha, chegando a discursar em palanque. A mais nova das esposas, com quem Zuma se casou no começo do ano e tem dois filhos, é a socialite Thobeka, de Durban, uma cidade com quase três milhões de habitantes, na costa do oceano Índico.

Embora fora do páreo como esposa oficial, a ex-mulher de Zuma Nkosazana Dlamini deve ocupar posição de destaque em seu governo. Pediatra, ela conheceu Zuma nos anos 1980, quando trabalhava em um hospital de um país vizinho, o reino da Suazilândia. À época, ele estava exilado, mas comandava o serviço secreto do CNA. Quando a organização voltou à legalidade, Nkosazana mudou- se com o marido para a África do Sul, onde foi ministra da Saúde de Mandela e, depois, das Relações Exteriores, durante o governo Thabo Mbeki (1999-2008). O casal se separou em 1998, devido a "diferenças irreconciliáveis", mas continua amigo.

Outro casamento de Zuma durante o período de exílio, com a comissária de bordo Kate Mantsho, terminou de forma trágica, em dezembro de 2000. Nascida em Moçambique, Kate se matou com uma overdose de soníferos. Deixou uma carta com ordens expressas para que o marido não comparecesse a seu enterro e referências a "amargos e dolorosos anos de casamento". Em seu relacionamento com as mulheres, este não foi o único revés do novo presidente da África do Sul. Em 2006, ele chegou a responder a um processo por estupro, do qual foi absolvido. Uma testemunha-chave da defesa de Zuma foi uma de suas filhas, a empresária Duduzile, hoje com 26 anos.

Diante do juiz, Duduzile disse que a acusadora, uma amiga que se hospedara na casa da família em Johannesburgo, havia emitido vários "sinais sexuais" para o seu pai. O mais forte deles teria sido dirigir-se ao escritório doméstico dele, para desejar boa-noite, vestida apenas com uma canga. Caso nenhuma das esposas de Zuma seja escolhida primeira-dama, quem poderá desempenhar este papel é justamente Duduzile, repetindo alternativa adotada por Mandela, que teve a filha Zenani Dlamini ao lado dele durante muitos compromissos oficiais.

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DESCOLADA Nompumelelo, a aposta dos analistas políticos