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GURU
Segyu Rinpoche celebrou o casamento de um dos filhos da atriz Goldie Hawn

Se o carioca Antonio Carlos Silva tivesse ficado no Brasil, provavelmente hoje ele seria um alto executivo de alguma empresa de tecnologia. A história desse brasileiro, no entanto, mudou de rumo quando ele foi para os Estados Unidos, em 1983. Curiosamente, o então engenheiro elétrico não foi fazer nenhum MBA ou beber da fonte do então incipiente Vale do Silício, embora tenha se instalado na Califórnia. Foi em busca de autoconhecimento. E achou. Hoje, ele atende pelo nome Segyu Choepel Rinpoche, lidera uma nova corrente do budismo tibetano e tem entre seus seguidores estrelas como a atriz Goldie Hawn, seu marido, o ator Kurt Hussel, e ainda altos executivos da indústria de entretenimento hollywoodiana.

“Quando cheguei aos Estados Unidos com um visto de estudante, aos 32 anos, e vi os preços das coisas em Nova York, comecei a chorar”, recorda o monge. Ele tinha acabado de se divorciar, era pai de uma filha pequena e se sentia desmotivado ao ter de recomeçar àquela altura, em um novo país. A escolha do destino foi uma sugestão de seu mestre budista brasileiro, que achou que o discípulo aprenderia mais com os americanos do que com os tibetanos. Pouco tempo depois, quando Antonio Carlos foi reconhecido como a reencarnação de um mestre tântrico do século XVII, tudo começou a fazer sentido.

Após 20 anos de estudos e de um longo período recluso, Segyu Rinpoche sentiu que deveria levar o budismo para mais próximo das pessoas comuns. Em 2003, criou a Fundação Juniper, um centro de estudos e meditação no qual apresenta uma linha mais “pé no chão”. Uma das maiores preo­cupações é dissociar os ensinamentos do teor religioso. E conciliar os preceitos budistas com a educação, a medicina e a ciência modernas. “Se fôssemos levar o budismo clássico em consideração, a terra ainda seria plana e os tratamentos médicos, arcaicos”, explica. “Nossa intenção é dar um novo entendimento do pensamento essencial do príncipe Sidarta (Buda) para a realidade em que vivemos.” Inclua-se nessa lista a briga pela causa homossexual, por exemplo. A metodologia utilizada é uma mescla de diferentes meditações e estudos de textos budistas.

Em visita ao Brasil, o monge vai dar uma palestra no Rio de Janeiro, no dia 6, sobre as técnicas de meditação da Juniper. Após ter atraído algumas estrelas de Hollywood, Rinpoche pretende levar seu budismo para o mundo corporativo – ambiente que ele conheceu bem na primeira etapa de sua vida. “Quero ajudar a mudar a mentalidade dos executivos”, conta. Afinal, acredita, é possível continuar visando o lucro sem danificar os funcionários. Após oito anos lapidando sua forma de ver a religião criada por Buda, ele se sente confortável em divulgá-la para o mundo. “Hoje, aos 60 anos, achei o meu caminho”, diz. Agora ele quer iluminá-lo para os outros.

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