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TIMONEIRO
Caberá a Agripino a missão de reconstruir um DEM enfraquecido na gestão de Maia

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Apesar do nome relativamente novo, o DEM é um dos partidos mais antigos em atividade no País. Antes de hastear a bandeira dos democratas, já foi Arena na ditadura militar, PDS no início dos anos 80 e PFL até há poucos anos. Em quase todas as fases, esteve lado a lado com quem estava no governo, dos militares aos sociais-democratas do PSDB. Hoje, o oposicionista DEM está no fundo do poço. Saiu das últimas eleições com apenas dois governadores e três senadores.

Abatido pelo voto e sem um discurso claro sobre o que pensa para o Brasil, o partido passou a ser abandonado por suas próprias lideranças. O movimento é encabeçado por sua maior estrela, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que se prepara para montar um novo partido nas próximas semanas. Na terça-feira 15, o DEM só não sucumbiu porque foi montada uma operação “salva-legenda” pelo velho aliado PSDB. Na luta pela sobrevivência, foi socorrido por pesos-pesados do PSDB, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves (MG). Com promessas de cargos e outras vantagens pessoais dos tucanos, o DEM conseguiu esvaziar o arrastão que levaria quase metade da bancada para o novo partido de Kassab. “Tivemos percalços, mas estamos vivos”, conclamou o senador Agripino Maia, eleito na terça-feira como novo presidente do partido em uma convenção extraordinária.

O custo da operação salvamento é alto. Para impedir a deserção, uma das estratégias foi o toma-lá-dá-cá político. Em troca da permanência no DEM, abriu-se para o deputado Rodrigo Garcia (SP), um dos parlamentares próximos a Kassab, a possibilidade de ser candidato a prefeito de São Paulo em 2012. Já o deputado Jorge Tadeu Mudalen (SP) recuou diante da oferta de postos na estrutura administrativa do partido. Outro parlamentar que voltou atrás, Eli Corrêa Filho (SP) teve assegurado espaços nas comissões técnicas da Câmara. “Atrapalharia o desenvolvimento do meu trabalho no Congresso se eu perdesse cargos nas comissões”, justificou-se. Prefeitos do interior paulista receberam outro estímulo para ficar. Segundo uma fonte tucana, Alckmin prometeu acelerar a liberação de verbas e assinaturas de convênios para obras.

O esforço fisiológico, porém, não foi suficiente para impedir algumas baixas, como a do deputado Guilherme Campos (DEM-SP), nem para debelar a crise interna. Expoentes do partido reconhecem que este é o pior momento já enfrentado pelo DEM desde que o PDS rachou e foi criado o PFL, em 1985. “Cabe a mim tentar estabelecer a convivência entre os diversos segmentos”, admite Agripino Maia.

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