Não tem fim a confusão armada por George W. Bush com a invasão do Iraque. Pouco mais de três meses depois da tomada de Bagdá, na quarta-feira 9 de abril, o saldo é bastante negativo para as tropas de ocupação. Até a sexta-feira 18, o total de mortos americanos em combate chegava a 148, mais do que as baixas registradas durante a guerra do Golfo de 1991 (147). Destes, 34 morreram depois que os combates terminaram. Para o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, a resistência partia apenas de alguns bolsões, mas, para o general John Abizaid, chefe do Comando Central Americano, os Estados Unidos foram pegos desprevenidos e “enfrentam agora uma guerra de guerrilha”, no sentido clássico do termo.

A popularidade de Bush e Blair vem despencando como as bombas que caíram sobre Bagdá em março. E a aprovação popular para a invasão, também. A inexistência das armas de destruição em massa e a comprovação e detalhamento das mentiras usadas para justificar a guerra têm sido letais para a dupla. E Saddam continua vivo, distribuindo declarações contra os invasores e animando seus seguidores a continuar lutando. A incompetência e a má-fé até agora demonstradas ainda vão fazer do sanguinário ditador um santo.

O mais recente complicador para o imbróglio de Bush e Blair foi a morte, em circunstâncias dignas de um livro de Tom Clancy, do cientista David Kelly. Assessor do Ministério da Defesa britânico, ex-inspetor de armas no Iraque e especialista em armas de destruição em massa, Kelly denunciou à BBC as fantasias de Blair sobre o potencial iraquiano.

No final da semana o primeiro-ministro britânico viajou aos Estados Unidos, onde é cruelmente comparado a um cachorrinho poodle de estimação do presidente americano. Mas, justiça seja feita, ele deve ser visto mais como um cão-guia. E, por enquanto, só falta a Blair convencer Bush de sua cegueira.