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ANA DE HOLLANDA
“Há uma tentativa de me desestabilizar, mas não posso me contaminar com isso”

Entre os convidados de Flora Gil para o almoço do Camarote Expresso 2222, em sua casa, em Salvador, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, foi recebida com afagos pelo ex-ministro Gilberto Gil. Chamada de “meio autista”  pelo sociólogo Emir Sader (demitido antes de assumir o comando da Casa de Cultura Rui Barbosa), Ana falou à coluna. Gil reforçou  apoio à irmã de Chico Buarque,mas não viu ofensa no comentário. 

Como se sentiu após a declaração de Emir Sader?
Ana de Hollanda – Não foi agradável. Liguei para ele no domingo 27 e foi isso. É muito pessoal. O Emir falou o que tinha para falar e eu o que tinha a dizer. Eu o havia indicado. Mas devo me apegar às pessoas que me interessam O importante também é que tenho o apoio do Planalto. Há críticas completamente improcedentes. 

Gilberto Gil a apoia, mas não considera a declaração ofensiva. 
Ana de Hollanda – Para o Gil é mais fácil. Eu estou envolvida. É uma outra análise.

A sra. acha que houve machismo?
Ana de Hollanda – Mas claro! Ainda vivemos isso no País. Veja tudo o que a Dilma viveu. Na Cultura não é diferente. Existe uma tentativa de me desestabilizar. Talvez haja pessoas que estejam insatisfeitas por algum motivo e fazem essa “campanha”. Mas não posso me deixar contaminar com isso. Já temos uma agenda para dialogar com o mundo artístico, cultural, literário. É uma agenda construtiva que abro correndo. Mas para boatos não dou chance. O que se espera de mim é muito maior.

 

GILBERTO GIL
“Fogo amigo é mais difícil”

O sr. achou que o comentário de Emir Sader foi ofensivo?
Gilberto Gil – Não acho necessariamente que ele estava querendo ofendê-la. Não acho mesmo! Talvez ele não tenha conseguido passar o que realmente queria. Cada um tem um estilo, de misturar palavras amenas com outras mais incisivas e apimentadas. Ele disse a meu respeito: ‘O Gil chegou tropeçando aqui e ali e acabou dando certo enquanto era ministro.’ Muita gente criticou e eu não. Acho que ele estava dizendo que ela está meio desligada, entrando no ritmo.

Então ele foi infeliz?
Gilberto Gil – Não vejo qual a razão que o Emir tinha para querer hostilizá-la. Estavam brigando por alguma razão? Não era o caso. Pode ter sido inábil, arriscado, mas não propriamente ofensivo.

Mas ela parece ter se ofendido…
Gilberto Gil – Claro. Imagina, fogo amigo, né? Fogo amigo é mais difícil do que fogo inimigo. Uma declaração como essa veio de alguém
que tinha sido indicado por ela. Começo é difícil para todo mundo. Minha chegada foi tão ou mais difícil quanto, com declarações tão ou mais ofensivas que essa. Na época me chamaram até de Goebbels (ministro da Propaganda de Adolf Hitler). Em 2004, o então prefeito do
Rio, César Maia, escreveu o artigo de “De Goebbels a Gil”, publicado em “O Estado de S.Paulo”). Um ministério como o da Cultura lida com formadores de opinião. São pessoas que falam nos alto-falantes. É sempre mais difícil. Os homens da cultura falam mais do que os da agricultura (risos).