Não é com exagero de admirador que se deve interpretar os textos introdutórios do produtor e compositor Hermínio Bello de Carvalho a estes quatros diamantes editados ou reeditados em CD pela requintada gravadora independente carioca. Basta ouvir o mais portentoso deles, o disco Elizeth Cardoso ao vivo no Teatro João Caetano – recital histórico que contou com as participações especialíssimas do Zimbo Trio e de Jacob do Bandolim e seu conjunto Época de Ouro – para constatar que Bello de Carvalho está coberto de razão. Não à toa Elizeth Cardoso (1920-1990) era chamada de Divina. Sua voz única imerge o ouvinte nas mais profundas tristezas, nas mais acaloradas alegrias, nos ritmos do samba, do samba-canção, do choro e até da música erudita. A caixa vem com quatro CDs: além do citado, há Ary amoroso – Elizeth canta Ary Barroso; Elizeth Cardoso & Rafael Rabello – todo o sentimento; e Luz e esplendor. Todos primorosamente editados e comentados. Ouvir Elizeth cantando a capela Serenata do adeus e Canção do amor demais ou – sempre acompanhada de craques dos instrumentos – Barracão, Chão de estrelas ou Camarim é se deleitar com um tempo que se foi, mas que felizmente está registrado.