Dois indicadores divulgados na semana passada mostram situações diametralmente opostas de um Brasil ainda repleto de contrastes. O País que teve 30 bilionários nativos incluídos na lista dos homens mais ricos do planeta – pessoas com mais de US$ 1 bilhão de patrimônio pessoal – é o mesmo que não conseguiu incluir sequer uma única universidade entre as 100 mais bem avaliadas por acadêmicos de todo o mundo. E o que é pior: o Brasil aparece na condição de único entre os chamados emergentes sem universidades tidas como “top” no ranking da Times Higher Education – que traz Harvard fi gurando como a melhor dentre elas. Esse paradoxo reforça ainda mais a surrada imagem da “Belíndia” – expressão cunhada décadas atrás pelo ex-presidente do IBGE Edmar Bacha para explicar que o abismo social no Brasil levava o País a se parecer com uma pequena ilha de exuberância econômica do porte da Bélgica cercada pela pobreza da Índia por todos os lados. Lamentavelmente, a imagem ainda vale nos dias de hoje. Um aspecto a destacar nesse quadro de disparidades é que o investimento em educação por parte dos bilionários ocorre com frequência nos chamados países desenvolvidos, enquanto por aqui é pouco ou nada usual. Bilionários têmpapel vital na sociedade em várias partes do mundo e costumam premiar resultados educacionais, um exemplo que deveria ser seguido internamente. De uma maneira ou de outra – seja pela falta de incentivo de nossos governantes, seja pelo baixo engajamento da iniciativa privada –, o fato é que falta preparo na base de nossa economia, na formação de mão de obra qualifi cada, e essa realidade reforça a concentração de riqueza e inibe o surgimento de novos empreendedores e de pessoas capacitadas a usufruir do atual momento da arrancada brasileira. O nó da educação nacional é histórico, secular, mas alcançou um ponto crítico. De tal maneira que o Brasil está atualmente entre as dez nações mais ricas do mundo, enquanto, em relação a investimentos em educação, alcançou apenas a 73a posição. Nos números do PIB, uma pista para entender as razões do problema: embora na média global o investimento em educação gire na casa de 10% do Produto Interno Bruto, a média brasileira não passa de mirrados 3% a 4% do PIB. Esse descaso está custando caro.