img1.jpg
DO LUXO AO LIXO
Galliano deixa delegacia em
Paris após prestar depoimento

Considerado genial e reverenciado pela indústria da moda, o estilista inglês John Galliano viu sua imagem ruir, perdeu o emprego e se tornou um homem desprezível perante a opinião pública. Tudo isso em menos de uma semana. Na quinta-feira 24, ele foi acusado por um casal de proferir declarações antissemitas no Café La Perle, em Paris. Detido, teve de pagar multa e está sendo investigado por crime de preconceito que pode resultar em seis meses de prisão. Quatro dias depois, o jornal “The Sun” divulgou um vídeo, feito dias antes do incidente no mesmo restaurante, onde Galliano aparece bêbado e dizendo que ama Hitler, entre outros absurdos de caráter preconceituoso. O estilista, que havia sido afastado na sexta-feira 25 da Maison Dior, onde é o diretor criativo desde 1997, foi desligado definitivamente na terça-feira 1º. Apesar de o vídeo ser uma prova cabal, Galliano nega os insultos. “Antissemitismo e racismo não têm lugar na nossa sociedade. Eu peço desculpas pelo meu comportamento se causei alguma ofensa”, disse, em nota. No dia seguinte à demissão, ele teria se internado numa clínica de reabilitação. A bomba explodiu dias antes do desfile da grife na Semana de Moda de Paris, na sexta-feira 4.

A rápida reação da Dior é reflexo do mundo contemporâneo, que não tolera deslizes, especialmente de pessoas públicas e grandes corporações. “Pablo Picasso nunca deixou de ser um pintor excepcional porque teria o hábito de agredir suas mulheres”, diz o sociólogo da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra. “Mas os tempos são outros. Estamos sujeitos a câmeras que filmam nossas ações, a informação é mais veloz.” Na opinião de Barra, se a Dior não demitisse Galliano, correria sério risco de quebrar. “Hoje em dia, imagem é tudo e ninguém quer ter a sua marca associada ao nazismo porque vai perder clientela e investimento.” Ao demitir Galliano, a Dior emitiu nota preocupada em desassociar a marca do estilista, especialmente depois de a atriz israelense Natalie Portman, garota-propaganda da grife, ter dito se sentir “enojada” com as declarações do diretor criativo. “Em razão do comportamento particularmente odioso de Galliano, a sociedade Christian Dior decidiu suspendê-lo de suas funções”, afirmou a maison em um comunicado.

Mas não é só Galliano quem perde. A moda sofrerá a ausência de um dos estilistas mais talentosos da história, que, por sinal, assinaria o vestido de noiva de Kate Middleton, que se casa com o príncipe William em abril. “Galliano corre o risco de nunca mais ser o estilista que foi, com todo o seu encanto e poder”, diz Suzane Strehlau, professora de marketing para produtos de luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing. O mais cotado para substituí-lo na Dior é Riccardo Tisci, da Givenchy.

img.jpg