Muntadas – Informação>> Espaço>> Controle/ Estação Pinacoteca, SP/ até 8/5

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ESPETÁCULO
Filme de Godard e condomínio paulista são
comparados na instalação “Alphaville e Outros”

Dirigido por Jean-Luc Godard em 1965, “Alphaville” é um filme no limite entre a ficção científica e o gênero noir. Nessa trama policialesca que se desenrola numa cidade do futuro onde os habitantes são liberados para satisfazer seus desejos, mas vivem sob o controle de um sistema inteligente, a missão do agente secreto Lemmy Caution é destruir Alphaville e seu ditador, o computador Alpha 60. No início dos anos 80, no Brasil, a empresa Albuquerque Takaoka se inspiraria no clássico de Godard para nomear o primeiro grande bairro projetado no País, formado por condomínios fechados, localizado na região metropolitana de São Paulo. “Como o filme de Godard, Alphaville, o bairro, é uma utopia que não funciona”, afirma o artista Antoni Muntadas, em São Paulo, na montagem da exposição “Informação>> Espaço>> Controle”, na Estação Pinacoteca.

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Detalhe de “Alphaville e Outros”, que destaca
as estratégias de sedução do mercado imobiliário

Cinema e publicidade são duas máquinas de ilusão sobrepostas em “Alphaville e Outros” (2011), instalação inédita em forma de showroom, desenvolvida por Muntadas especialmente para São Paulo. Formada por vídeos, grades, muros, faixas, pôsteres e uma coleção de palavras de ordem da sociedade de consumo, o trabalho atenta para os sistemas de persuasão ativos na vida contemporânea. “Os condomínios retomam as utopias de Brasília: uma fantasia de país versus uma fantasia de vida”, diz o artista. “Não invento nada. Meu trabalho é uma análise sobre os fenômenos contemporâneos.” As retóricas de controle e vigilância são o alvo de Muntadas desde o começo de sua trajetória artística, nos anos 70. A exposição pontua esse caminho mostrando três instalações e três trabalhos em vídeo, realizados entre 1978 e 2011.

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ENTRETENIMENTO
Série de fotografias de estádios de todos os tempos compõe
a instalação “Stadium XIV”, sobre a arquitetura do controle

A matéria-prima de seus trabalhos são sempre coleções: fotografias, cartazes, frases, imagens televisivas e cinematográficas – material disponibilizado de maneiras diversas a cada montagem. Cabe ao espectador a edição e organização desse material. “Este não é um trabalho pedagógico”, diz Muntadas. “On Subjetivity” (1978) é uma mostra de que a obra é sempre resultado de processos coletivos – mesmo que subconscientes. Composta de uma publicação, um vídeo e 50 fotografias extraídas da revista americana “Life”, a instalação é, segundo Muntadas, um museu de antropologia da imagem. “Nos anos 70, a “Life” era uma revista de infiltração ideológica”, afirma o artista, que, ao enviar uma carta com uma fotografia para 250 pessoas, pedindo que respondessem com uma legenda, evidencia uma subjetividade crítica inerente a essas imagens.