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GRECCO BURATTO
Guitarrista da banda de Shakira
Idade 34 anos
Com quem tocou Sergio Mendes e Enrique Iglesias

Ao pisar os palcos brasileiros na turnê que se inicia na terça-feira 15, a cantora colombiana Shakira será alvo de todos os holofotes. Mas ao seu lado, e nos melhores momentos do espetáculo, um guitarrista de cabelo moicano vai roubar parte da atenção da plateia tanto pelo seu visual quanto pelo som que tira das cordas. Chama-se Grecco Buratto, é gaúcho de Caxias do Sul e acompanha Shakira onde quer que ela se apresente. Como ele, outros brasileiros brilham fora do País junto a popstars de estilos diversos. Prince, por exemplo, não fica sem o tecladista paulista Renato Neto. Amante dos ritmos tropicais, o cantor David Byrne integrou à sua banda o percussionista catarinense Mauro Refosco e está bem satisfeito.

A lista só aumenta e já não se limita ao mercado dos EUA: a cantora mineira Vanessa Falabella, por exemplo, que orientou sua carreira para o jazz, hoje é radicada em Hong Kong e se apresenta com grandes estrelas do gênero.

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MARIVALDO DOS SANTOS
Percussionista da banda de Sting
Idade 39 anos
Com quem tocou The Fugees e Stomp

Esses músicos fazem parte de uma nova geração que não se contenta em fazer a América apresentando-se em bares e com repertório voltado para a latinidade. Eles ambicionam o posto de “sideman” (músicos de apoio), assim como fizeram no passado o percussionista Airto Moreira e o guitarrista Heitor T.P. – ele integrou o grupo inglês Simply Red. A trajetória de Buratto, que no início também se apresentava em Igrejas Batistas, saltou rápido para esse estágio. Após tocar com Sergio Mendes e Enrique Iglesias, conheceu Shakira em Toronto e logo entrou para a sua banda. “Fiz testes rigorosos e, depois de alguns dias, recebi um e-mail avisando que eu havia sido aprovado. Mais três dias depois e aconteceu o meu primeiro ensaio”, disse ele à ISTOÉ, de Los Angeles.

Quem se dá bem, não quer voltar. O tecladista Renato Neto, que acompanha Prince, saiu do Brasil para estudar trilha sonora em Los Angeles. Seu plano era ficar só dois anos.

“Comecei a me enturmar e as coisas foram acontecendo”, diz ele. O mesmo se deu com Mauro Refosco, percussionista de David Byrne, que terminava um mestrado em percussão, em Nova York, quando recebeu o convite do astro. “Essa foi a única audição que fiz na vida”, diz Refosco. Por indicação de amigos músicos, ele passou a tocar cada vez mais com outros artistas, como Thom Yorke, líder do Radiohead, que o chamou para participar de seu projeto paralelo, Atoms for Peace. Gravou também com o grupo Red Hot Chilli Peppers. “Foi mágico. Os caras fazem música de um jeito diferente”, diz o percussionista.

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MAURO REFOSCO
Percussionista da banda de David Byrne
Idade 44 anos
Com quem tocou Forró in the Dark, Atoms for Peace e Red Hot Chili Peppers

Esse boca a boca entre instrumentistas é fundamental para abrir caminhos em shows. Não basta, contudo, ser um bom músico para se tornar um profissional requisitado nesse concorrido mercado. Saber se relacionar é fundamental. “É como diz o ditado: sua atitude te leva mais longe do que seu talento”, diz o paulista Sandro Feliciano, baterista da cantora Lauryn Hill e único instrumentista branco no palco dos P-Funk All Stars, banda do mestre do funk George Clinton. Segundo Feliciano, ele e seus colegas têm de lutar contra uma certa resistência profissional, traduzida numa expressão jocosa comum no meio artístico americano.

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RENATO NETO
Tecladista da banda de Prince
Idade 45 anos
Com quem tocou Stevie Wonder eRod Stewart

Trata-se do bordão “brazilian standard time” (o horário padrão brasileiro), “ligeiramente atrasado em relação ao restante do mundo”. Essa fama negativa de atrasos se contrapõe ao talento natural de quem nasce e cresce escutando ritmos variados. “A música brasileira é respeitada em todo o planeta por essa riqueza e diversidade”, diz a cantora Vanessa, que já trabalhou como backing vocal com os saxofonistas Sadao Watanabe e Gato Barbieri. Mesmo assim, o esforço para se impor é grande. “O músico brasileiro sabe se virar. Mas quando se é de outra cultura, tem-se de provar que é bom ao dobro”, diz Feliciano, cujas baquetas mostram que o seu “timing” é mesmo outro.

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