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SEMENTE
Meteorito (acima) encontrado na Antártica
continha nitrogênio, uma das bases da vida

Nossa relação com o cosmos é muito mais estreita do que qualquer um podia imaginar. Cientistas americanos descobriram que um dos ingredientes essenciais para a vida – o nitrogênio – chegou à Terra em meteoritos. Os pesquisadores americanos retiraram o pó de um desses pedaços de asteroide e o trataram com água a alta temperatura e pressão. A massa resultante emitiu amônia, que contém nitrogênio. Ela não poderia ter sido adquirida quando o meteorito chegou ao planeta, pois sua composição é diferente da amônia encontrada aqui. O estudo foi publicado na revista especializada “PNAS”.

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ALIENS
Sandra diz que asteroides podem ter gerado vida em Marte

O nitrogênio é essencial para a formação dos aminoácidos e nucleobases, os princípios da vida. Num passado longínquo, ele se juntou a elementos como carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre e deu origem às primeiras formas de vida. Os estudiosos afirmam que isso aconteceu há cerca de 3,46 bilhões de anos – idade dos fósseis mais antigos encontrados até hoje, colônias de bactérias conhecidas como estromatólitos (leia quadro abaixo).

Descoberto em 1995, na Antártica, o meteorito estudado agora é conhecido como Grave Nunataks 95229, em referência ao local onde foi encontrado. Outro objeto do tipo, o Murchison, ficou famoso em 1970, quando um estudo da prestigiada revista científica “Nature” revelou que ele havia trazido aminoácidos à Terra. “O estudo do Murchison mostrou que moléculas idênticas às da vida podem ser produzidas em ambientes cósmicos”, disse à ISTOÉ Sandra Pizzarello, chefe do estudo e pesquisadora da Arizona State University (EUA). “A composição dele, no entanto, tem um pouco de tudo e é difícil supor um caminho evolucionário para cada molécula”, explica a cientista.

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Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o nitrogênio da Terra teria chegado exclusivamente por meio de cometas, cuja composição tem 1% de amônia. “Essa é uma prova de que ele também veio de asteroides e meteoritos”, afirma Amâncio Friaça, pesquisador em astrobiologia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, o nitrogênio não é um elemento tão comum de se encontrar aqui quanto os outros que formam as bases da vida. Prova disso é que, em nosso planeta, a maior quantidade está na atmosfera e em depósitos de seres mortos, os fósseis.

Por terem possivelmente gerado a vida aqui, não se descarta a possibilidade de os meteoritos a terem semeado em outros lugares. “Isso pode ter acontecido especialmente em Marte, onde alguns especialistas acreditam que, no passado, as condições eram até mais favoráveis do que na Terra”, diz Sandra. Esse ambiente amistoso a seres vivos se deteriorou quando o planeta vermelho perdeu sua magnetosfera, uma parte exterior da atmosfera.

Para quem estuda o começo da vida no Universo, o resultado da pesquisa não surpreende tanto. Apesar de tendermos a acreditar que nossa origem é puramente terrestre, a própria composição do corpo humano tem mais a ver com o mundo externo do que com o nosso planeta.“Não somos filhos da Terra”, diz Friaça. “Só 3% do corpo humano é formado por elementos da crosta terrestre, como fósforo, enxofre e cálcio. Todo o resto – carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio – é abundante no cosmos”, explica. Somos todos aliens.

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