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SURPRESA! O último ingrediente a ser percebido numa mordida é a fina crosta de flor de sal

A deixar bem claro: chocolate salgado não tem nada a ver com chocolate amargo. O segundo leva açúcar e o primeiro é feito com flor de sal (cristais que ficam na superfície da água marinha nas salinas e têm sabor suavemente salgado). Essa novidade está fazendo o maior sucesso em lojas especializadas, no Brasil e no Exterior, e o preço é praticamente o mesmo dos itens tradicionais. Mas com gosto de extravagância e subversão – afinal, chocolate doce era uma invenção considerada intocável na gastronomia. O bombom salgado pode levar também caramelo como recheio e o último ingrediente a ser percebido numa mordida é a fina crosta de flor de sal, de consistência crocante. “Testamos bastante a aceitação ao novo sabor”, conta Adriana Wiltgen, dona da carioca Cacau Noir. O resultado não deixa dúvidas, pois o produto é hoje um dos mais vendidos na loja.

Normalmente, o consumidor é atraído primeiro pela curiosidade ou por gostar de itens que fujam do óbvio. Depois, vira cliente fiel. Esse é o caso do advogado Eduardo Chalfin, 48 anos, que compra os bombons por quilo na Beth Chocolates, do Rio de Janeiro, para consumir em casa e receber os clientes no escritório. “Surpreende e faz sucesso”, atesta. Na França e na Suíça, grandes produtores mundiais de chocolates, ele é consumido com o cacau em altas concentrações, o que diminui o gosto adocicado.
 
“Eu diria que o açúcar é a novidade do chocolate, não o sal”, provoca a chef Samantha Aquim, da butique de chocolates Aquim. Isso porque, antes de ele virar sobremesa para os ocidentais, os maias o consumiam como uma bebida cheia de especiarias e sem um grama de açúcar – ingrediente acrescentado séculos depois pelos europeus. Samantha faz mais um alerta: o sal de cozinha também pode ser usado, embora “não seja tão sofisticado quanto a flor de sal.” Mas a novidade não é unanimidade entre os especialistas.
 
O francês Dominique Guerin, chef de confeitaria do restaurante Pré Catelan do hotel Sofitel do Rio de Janeiro, já fez as misturas em festivais, mas não as inclui em seumenu principal: “Prefiro os clássicos”, sentencia. A combinação salgada mostra a versatilidade do alimento, defende a doceira Juliana Motter, dona do ateliê de brigadeiro gourmet Maria Brigadeiro, de São Paulo. “Sem o açúcar, a degustação se torna mais apurada: percebemos mais nuances e notas”, explica. Para a publicitária carioca Tatiana Guines, 35 anos, apesar do gosto marcante do sal, ao fim de um bombom, a impressão ainda é de se ter saboreado um doce. Ela diz que o bombom com flor de sal tem “gosto de fim de semana”, algo que deve ser aproveitado inteiramente. “É para degustar, não devorar.”
 
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