Imagine um gigantesco airbus, partindo lotado de Berlim em direção a Nova York, como o mostrado no suspense Plano de vôo (Flightplan, Estados Unidos, 2005), em cartaz nacional na sexta-feira 21. Entre a tripulação destacam-se as seguintes figuras, acomodadas em poltronas vizinhas: uma engenheira, especializada em turbinas de aviões, em estado de choque com o suposto suicídio do marido; sua filhinha de seis anos, também traumatizada com a mudança repentina para os Estados Unidos, em razão do enterro do pai; um sujeito com olhos “enfumaçados”, dado a tiradas esquisitíssimas; alguns árabes de expressão neutra. Passadas algumas horas de vôo, a mulher, Kyle (Jodie Foster), acorda e procura a filha Julia (Marlene Lawston). Ela simplesmente sumiu.

Para piorar, o cartão de embarque de Julia desapareceu, a equipe de terra do aeroporto não registra a passagem da menina pelo check-in, e, mais tarde, os médicos do hospital encarregados da autópsia de seu pai dizem que a menina morreu também. Como Kyle está entupida de calmantes, delírios também passam a ser considerados. É nesse turbilhão de suspeitas que o passageiro do thriller assinado pelo alemão Robert Schwentke viaja por uma hora e meia. De acordo com os ensinamentos hitchcokianos, o cineasta explora o azul “reflexivo” dos olhos de Kyle, que conhece a planta da aeronave como a palma da mão e se adianta ao espectador em suas conclusões. Ou seja, Schwentke não entrega as coisas de bandeja. Pelo menos, não todas.


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