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AFRODISÍACOS NATURAIS
A atriz Luisa Mell segura cesta com cerejas e morangos orgânicos

Se as pessoas pensassem um pouco mais sobre o momento do sexo, seria bem menor o número de gestações indesejadas, assim como o de doenças sexualmente transmitidas por aí. Mas, se nem o bem-estar pessoal vira prioridade nessa hora, imagine a saúde do planeta. Claro que a cama não é o local apropriado para dar início a um plano de preservação ambiental, mas um pouco de planejamento fora dela permite que o prazer não seja um empecilho para a sobrevivência saudável da Terra. Afinal, qualquer esforço é bem-vindo. “Trata-se de uma mudança de comportamento em um dos aspectos fundamentais da nossa vida”, afirma a atriz e ativista em prol dos animais Luisa Mell.

Entre quatro paredes pode ser difícil se lembrar da superlotação dos aterros sanitários, da escassez mundial de água e da poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis. Mas isso não faz com que o problema desapareça. E a camisinha é um agente desses três tipos de problema. De acordo com o Greenpeace, apenas no Reino Unido cerca de 100 milhões de preservativos vão parar nos lixões todos os anos. E, por maiores que sejam os esforços em termos de reciclagem, essa não é uma opção.

Para alguns especialistas, a preocupação com a preservação do planeta deve ir além da questão ambiental. “Sustentabilidade também é o cuidado com o outro. É se preservar e se prevenir para evitar uma série de dificuldades”, afirma a sexóloga Laura Muller, que responde a dúvidas sobre o tema no programa “Altas Horas”, da Rede Globo. A falta desse tipo de “preservação” pode levar a uma gravidez indesejada e ao nascimento de um potencial emissor de carbono. Sob esse raciocínio, é melhor uma camisinha de látex do que nenhuma.

Além do acúmulo de lixo, o sexo sem sustentabilidade pode provocar danos bem mais diretos. Um exemplo pode ser encontrado nas prateleiras das sex shops. Para produzir brinquedos sexuais com aspecto semelhante ao da pele humana, alguns fabricantes costumam usar aditivos denominados ftalatos, que modificam o plástico para que ele fique macio. O resultado é o gelly, material popular na indústria do ramo. Os mesmos compostos são usados em alguns países na confecção de brinquedos infantis. Em 2005, a União Europeia proibiu o uso da substância em produtos para crianças. Especialistas alegam que ela pode causar mal ao homem.

“Se absorvidas pela pele, essas substâncias podem prejudicar a produção de testosterona, o hormônio masculino, e levar à infertilidade”, afirma Luiz Jacques Saldanha, engenheiro agrônomo especialista em componentes químicos perigosos. Nos EUA, já existem sex shops com essa preocupação. É o caso da loja Babeland. “O sustentável é bom para o corpo e bom para o planeta”, diz a fundadora Rachel Venning. De acordo com ela, dos cinco produtos mais populares da loja, quatro são recarregáveis, dispensando o uso das pilhas que iriam parar no lixo (leia quadro). Entre os produtos vendidos pela Babeland estão lubrificantes sem derivados de petróleo na sua composição e óleos de massagem feitos à base de soja.

Mas, enquanto o tipo de vibrador não é um assunto que preocupa mesmo aqueles parceiros engajados, há atitudes sustentáveis que vêm de hábitos conscientes, como economizar água e energia elétrica. Nesse capítulo, banhos a dois e encontros sob a luz de velas contribuem tanto para o desenvolvimento da intimidade do casal como para a preservação do ambiente. Com tudo isso levado em consideração, fica fácil montar o roteiro de uma inesquecível e sustentável noite de amor. Comece por uma massagem feita com óleos que não tenham sido testados em animais. Depois, compartilhe frutas afrodisíacas, como cerejas e morangos, obrigatoriamente livres de agrotóxico. Arremate com um vinho orgânico. E seja feliz sem entristecer o planeta.

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