18/02/2011 - 21:00
RÉU
Se condenado, Berlusconi poderá ficar preso por 15 anos
As mulheres estão sempre no caminho de Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano. Na semana passada, a Justiça de seu país indicou o nome das pessoas que serão responsáveis pelo julgamento que acusa o premiê de prostituição de menores e abuso de poder. Por uma dessas ironias do destino, três juízas com fama de duronas ficaram com o trabalho. Se alguém duvidava da seriedade do processo, elas estão dispostas a provar o contrário. Duas das três magistradas já estiveram envolvidas em antigos processos contra Berlusconi, o que só piora o quadro para ele. Basta dar uma olhada na lista de mulheres que ilustram esta página para entender o tamanho da encrenca em que o premiê está envolvido. Uma delas, Karima el Mahroug, insinuante dançarina marroquina apelidada de “Ruby Rouba Corações”, alega ter recebido 50 mil euros em troca de um apimentado encontro com o primeiro-ministro. Outra, a sedutora Nadia Macri, jura ter participado de festas luxuriantes na mansão de Berlusconi, nas quais as convidadas desfilavam nuas e, claro, atendiam aos desejos sexuais do organizador da farra. A brasileira Íris Bernardi também pode complicar a vida do premiê. Ela diz que fez sexo com Berlusconi quando era menor de idade, o que é crime na Itália. Além do desgaste que a imagem do primeiro-ministro sofreu, principalmente junto ao público feminino, ele corre um risco ainda mais grave: pode perder o mandato e parar na cadeia. Depois que centenas de milhares de mulheres de 280 cidades de diversas partes do mundo foram às ruas, no domingo 13, protestar contra Berlusconi, a Justiça italiana decidiu acelerar as investigações. O caso começa a ser julgado no dia 6 de abril, sem previsão de encerramento.
NADIA MACRI
Outra acompanhante que afirma ter participado de festas na mansão de Berlusconi,
nas quais as convidadas ficavam nuas e mantinham relações sexuais com o premiê
O processo contra o primeiro-ministro italiano foi desencadeado por seu envolvimento com Karima el Mahroug. O caso, conhecido como “Rubygate” vem sendo investigado desde 21 de dezembro, mas foi na quarta feira 16 que ele chegou ao ponto crucial. Em depoimento feito à Promotoria de Milão, a jovem Ruby, 19 anos, confessou que manteve relações sexuais com o premiê quando ainda era menor de idade – e que recebeu dinheiro por isso. A garota afirmou também que o primeiro-ministro, ao saber de sua idade, não demonstrou preocupação. Seu relato se constituiu na principal prova da Justiça contra Berlusconi. Em resposta à acusação, o líder italiano disse nada temer.“Por amor à pátria, não falo sobre isso”, declarou um sorridente e bronzeado primeiro-ministro na quarta-feira 16. “A única coisa que posso dizer é que não estou preocupado com isso de jeito nenhum.” O líder do partido Força Itália repete estar sendo vítima da oposição e garante que vai cumprir seu mandato, que termina em 2013, até o final. A segurança estampada pelo premiê, porém, parece pouco convincente. Enfraquecido desde o mês passado, quando o Tribunal Constitucional da Itália derrubou o “legítimo impedimento”, uma espécie de manobra jurídica que o livrava de enfrentar processos judiciais, Berlusconi está sem escudo. E com a popularidade em queda. Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal “La Repubblica,” o antes carismático líder seria o último de dez nomes possíveis para ocupar o cargo máximo da Itália.
SARA TOMMAZI
Apresentadora de tevê na Itália, teria se relacionado com o primeiro-ministro
e pedido a permanência de Ronaldinho Gaúcho no Milan
Apesar de o processo estar centrado em Ruby, a lista de mulheres que frequentavam as festas privadas de Berlusconi é extensa. Juízes que investigam o caso encontraram 19 brasileiras entre as prostitutas. O envolvimento do premiê com pelo menos três delas pode piorar as coisas para o galante político. Se for confirmada a aventura sexual de Berlusconi com Íris Bernardi, um novo processo deverá ser aberto. Outra brasileira é Michelle Conceição Oliveira, que hospedou a marroquina Ruby em seu apartamento e depois a acusou de roubo. A denúncia levou Ruby à delegacia, mas uma intervenção de Berlusconi a livrou da prisão. Parece enredo de novela mexicana, mas é a mais pura verdade: para ajudar sua amante, Berlusconi telefonou para o delegado e mentiu. Disse que Ruby era sobrinha do então ditador do Egito Hosni Murabak, argumento que foi suficiente para que a moça se livrasse das acusações. A carioca Miriam Marcondes é a terceira brasileira envolvida. Ela é acusada de organizar as orgias, chamadas por Berlusconi, sabe-se lá por que, de “bunga bunga”.
KARIMA EL MAHROUG
Chamada de “Ruby Rouba Corações”
A dançarina marroquina declarou que, em seu primeiro encontro
amoroso com Berlusconi, recebeu 50 mil euros
NOEMI LETIZIA
É a responsável pela separação de Berlusconi de sua ex-mulher Verônica Lario, em 2009.
Ela teria ganhado um colar de ouro, por seu aniversário de 18 anos,
de Berlusconi, a quem chama de “papi”
ÍRIS BERNARDI
A brasileira de 19 anos teria mantido relações sexuais com o premiê quando ainda era menor de idade
VERÔNICA LARIO
Na década de 80, após ver Verônica atuando em um filme com os seios à mostra,
Berlusconi se separa da primeira mulher para casar com a atriz. Eles viveram juntos durante 30 anos,
até o divórcio em 2009. Foi ela quem denunciou o envolvimento de Berlusconi com menores
