Uma apavorante carruagem puxada por cavalos sem cabeça, que sai em noites escuras de sexta-feira, conduz pelas ruas a alma penada de Ana Jansen – uma rica e influente comerciante do século XIX, que cometia atrocidades com seus numerosos escravos. Quem vê Donana só está livre da morte se fizer uma oração. A lenda ainda assombra os moradores mais antigos de São Luís, a mágica ilha dos tambores-de-mina. Mais terrível do que Donana é a dura realidade do Maranhão. Ela assombra uma população de 5,6 milhões – predominantemente negra, mestiça e indígena. O Estado, o segundo mais pobre do País, registra os piores indicadores sociais. Apesar de seu potencial agrícola, industrial e turístico, possui o pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil. Entre os 100 municípios mais pobres do território nacional, 83 estão no Maranhão, com índices inferiores a 0,500, considerado muito baixo. Para mudar esse cenário, o governador José Reinaldo Tavares (PSB) abriu uma guerra contra a pobreza. Ele assegura, não somente em slogan, que “Um novo Maranhão é possível” e definiu como meta de sua administração a elevação do IDH, hoje de 0,647 para 0,700. Para isso, está investindo em ações na saúde, na educação, na geração de emprego e renda, principalmente nos municípios mais carentes.

A pesquisa ISTOÉ/Databrain, realizada com 1.102 eleitores entre os dias 8 e 10 outubro, aponta que José Reinaldo vem obtendo resultados nessa empreitada. O governo aposta na agricultura familiar para aumentar a renda da população, pois mais de 50% vive na área rural. Ele implantou 18 Casas de Agricultura Familiar e com isso foi possível beneficiar 325 mil famílias pelo Programa de Combate à Pobreza Rural, facilitando o acesso à eletrificação e recursos, principalmente os do Pronaf (373% maior, comparados a 2001).

Para Julia Silva Assunção, 32 anos, mãe de dois filhos, que vive em Iguaiba,
no município de Passo do Lumiar, esses recursos deram uma reviravolta em
sua vida. No ano passado, ela obteve um empréstimo de R$ 1 mil do Pronaf. Comprou galinhas caipira e lucrou R$ 500. Com esses R$ 500, comprou tubos
para irrigação, uma bomba nova e sementes para a plantação de quiabo em pouco mais de um hectare de terra. De duas minguadas caixas, que asseguravam o sustento da família, a safra deste ano passou para mais de dez caixas. Teve um lucro líquido de R$ 1,5 mil. Pagou antecipado o empréstimo, aumentou a casa e realizou seu sonho: comprar uma geladeira. Com a certeza de que o sonho não parou na compra de uma geladeira, Julia quer tirar um empréstimo maior e ampliar
a área plantada. Articulada, tem o segundo grau completo, está montando uma associação com produtores locais. Mas o que semeia para o futuro, retribuindo o
que tem lhe propiciado o cio da terra, é colher mais do que quiabos e macaxeira: quer chegar à faculdade de agronomia.

Solidariedade – Na educação, o governo mudou a realidade do ensino. Hoje, os 217 municípios que compõem o Estado possuem escolas de ensino médio, com um total de 277.906 alunos matriculados. A melhora na qualidade também foi outra conquista. O desempenho dos estudantes de escolas públicas no ensino básico melhorou, comparado aos dados de 2001, quando o Maranhão ocupava o segundo lugar entre os estados nordestinos com níveis críticos ou muito críticos em português e matemática. Mensurado recentemente pelo Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), o desempenho dos estudantes ficou entre um dos melhores do País. Mas é na Secretaria Extraordinária de Solidariedade Humana, que tem à frente a primeira-dama Alexandra Tavares, que está um dos principais programas do governo, o Saúde nas Escolas. Os estudantes recebem dentro da rede pública tratamento odontológico, consultas oftalmológicas e tratamento contra a surdez. Implantado em 2002, o programa já realizou 1,5 milhão de atendimentos aos alunos matriculados na rede fundamental (primeira a oitava séries). São 52 consultórios odontológicos na capital e 38 no interior. O objetivo do programa é reduzir e eliminar os principais problemas que afetam o aprendizado e incentivam a evasão escolar.

Quem agradece são as crianças. Poliana Pires Boaes, 11 anos, que mora na zona rural, esperava ansiosa na sede do projeto, na capital, para pegar gratuitamente os óculos novos, escolhidos por ela, com estrelinhas nas laterais. “Eu adoro ler, mas sentia muita dor de cabeça”, conta ela se olhando no espelho para ver como ficou a nova armação. O mesmo aconteceu com Raiana Mendes, oito anos, e com Kércia Rabelo, 12. Elas nunca tinham usado óculos embora a dificuldade para enxergar e aprender fosse grande, a ponto de Kércia ter repetido de ano três vezes.

Mas não somente óculos eram novidade para crianças. Banheiro, com vaso sanitário, pia e chuveiro não existiam em 2001 para 66% da população. Maria Deuzimar da Silva mora numa casa humilde em Bacabeira, no interior, com o marido, três filhos e o neto de um ano. Ela foi uma das mais de 50 mil maranhenses a ser beneficiada pelo programa Primeiro Banheiro. Constrangida, disse que o mato no fundo da casa atendia às necessidades fisiológicas dela e da família. “As crianças só querem saber de ir ao banheiro. O melhor de tudo é saber que a gente e, principalmente elas, vão ter menos doença”, prevê sorridente. Mas quem anda rindo à toa é Maria Poliana dos Santos, que mora com o filho João Batista. Em parceria com o governo federal, o governo do Estado cobriu os 30% do investimento, para a construção de moradias populares no município de Matões do Norte. Com essa contrapartida, Maria e Ivanilde não terão que pagar nada pelas novas casas. É o começo do fim das maldições na terra dos encantados e da magia.