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NOVOS RUMOS
O intercâmbio de Stephan Hardt duraria seis
meses. Ele ficou 18, se formou em administração
da engenharia e garantiu emprego

Outra modalidade que cresce é a graduação parcial, em que o aluno matriculado numa universidade brasileira passa uma temporada de estudos numa instituição estrangeira. Para isso, é bom que as escolas envolvidas tenham algum tipo de acordo – assim os créditos do estudante que viaja são com mais facilidade revalidados na volta. Geralmente, quando o brasileiro deixa sua vaga na universidade nacional em aberto, ela é preenchida por um estrangeiro – do mesmo curso e instituição. “É o que chamamos de intercâmbio real”, diz Anelise Hoffman, coordenadora do núcleo de intercâmbios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Nesse mercado há duas décadas, a especialista diz que o setor vive um boom desde 2001 e que ainda são poucas as universidades brasileiras com parcerias no Exterior. Mas quem vai não se arrepende. “Foi uma experiência que mudou os rumos da minha vida”, diz o engenheiro paranaense Stephan Hardt, 23 anos. Aos 20, quando fazia engenharia de produção na PUC do Paraná, ele se candidatou a uma vaga para intercâmbio na Universidade St. Mary, em San Antonio, no Texas (EUA). A ideia inicial, de passar seis meses, logo virou uma estada de um ano e meio e garantiu a Hardt o diploma internacional de administração da engenharia, reconhecido no Brasil. Ainda lá, atento às oportunidades, ele garantiu um estágio e posteriormente um emprego na Brenntag, líder mundial em distribuição de derivados químicos. “Tive que trancar a PUC-PR, mas, com o tempo, volto ao Brasil e concluo o curso de engenharia de produção.” Com isso, o paranaense terá dois diplomas, especialização reconhecida em duas áreas e liberdade para escolher se quer continuar trabalhando nos EUA ou voltar para o Brasil.

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CRESCIMENTO 
Em dez meses de high school na Inglaterra,
Leonardo Faria aperfeiçoou o inglês e conheceu oito países

Mas não são necessárias mudanças tão radicais para desfrutar de uma transformadora experiência estrangeira. Para quem não quer – ou não pode – programar viagens longas, a melhor opção são os cursos livres. Eles são mais despretensiosos, não envolvem esquema burocrático de matrícula nem disputa acirrada por vagas. E, melhor: há sempre uma oportunidade para todas as faixas etárias, níveis acadêmicos e gostos. “O mais popular continua sendo o de idiomas”, explica Samuel Lloyd, coordenador do Student Travel Bureau, uma das maiores organizações internacionais de viagens educacionais. “Mas é possível combinar o país que se quer com o que se pretende estudar”, diz. Em 2010, a cozinheira paulistana Marina Marques, 23 anos, passou seis meses na Itália fazendo gastronomia. “Os quatro meses de prática foram sensacionais”, lembra ela, que trabalhou em dois restaurantes, ambos com estrelas no “Guia Michelin”, o mais rigoroso do mundo. “Esse é o tipo de experiência que faz a diferença na hora de procurar um emprego”, reconhece. Pela empreitada internacional, Marina desembolsou 8,6 mil euros (R$ 19,6 mil). Valeu a pena. Hoje ela trabalha no Dalva e Dito, restaurante do brasileiro Alex Atala, um dos 20 chefs mais influentes do mundo, que também está à frente do badalado D.O.M., em São Paulo.

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EXCELÊNCIA 
Alunos do MBA da Universidade Columbia, Leão Carvalho e Everton Silva 
passaram por disputada peneira para chegar aonde estão

As oportunidades são tantas e tão boas que é possível viajar e trabalhar – uma maneira de viver a experiência do intercâmbio, aprender uma língua e experimentar uma atividade, sem estourar o orçamento. Em 2009, a psicóloga carioca Andréa Carolina Lima, 23 anos, foi contratada por três meses pela Disney, em Orlando, na Flórida. Lá ela atuou como uma espécie de faz-tudo, realizando tarefas que iam da faxina a guia de turismo, trabalho pelo qual recebia cerca de US$ 200 (R$ 332) semanais. Com o dinheiro, bancou as próprias despesas e ainda conseguiu fazer uma viagem de uma semana para Nova York, antes de voltar para o Brasil. “Morava com outras seis meninas e conheci gente do mundo todo”, lembra ela, que, antes de começar a desempenhar suas funções, fez um curso de imersão na cultura da Disney, uma das empresas de entretenimento mais bem-sucedidas do mundo, que contrata dezenas de estudantes brasileiros anualmente.

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Se estudar fora ainda parece difícil – é preciso desembolsar mais de US$ 20 mil (R$ 33,2 mil) para um ano de curso superior nos Estados Unidos, por exemplo –, há muitas oportunidades de bolsas de estudo em escolas de excelência acadêmica, que são oferecidas pelas próprias instituições de ensino nos Estados Unidos e na Europa e por fundações no Brasil e no Exterior. “Se o aluno estrangeiro tiver as credenciais exigidas, é possível estudar em uma universidade da Ivy League (liga das oito universidades americanas de maior prestígio científico), sem colocar a mão no bolso”, diz Andreza Martins, da EducationUSA, escritório do governo americano no Brasil para assuntos de educação. A estudante Mariana Simões, 27 anos, entrou em Harvard graças a uma bolsa da Fundação Lemann e outra da própria universidade. “Estudar aqui era o sonho da minha vida”, diz ela. Para chegar lá, foi preciso foco. Mariana prestou as melhores faculdades do País – é formada em psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) –, fez iniciação científica, participou de projetos de pesquisa, foi a congressos, realizou trabalhos voluntários e manteve alto nível acadêmico. Tudo para pavimentar a estrada rumo a Cambridge.

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EXPERIÊNCIA
Andréa Lima trabalhou de faxineira a guia
em seu estágio remunerado na Disney.
Gostou tanto que quer voltar

Também há empresas que bancam o curso de seus funcionários. O administrador André Pedriali, 27 anos, faz MBA na Universidade Columbia, em Nova York, há pouco mais de um ano, com o patrocínio da instituição financeira em que trabalha. “Desde que cheguei, já acompanhei palestras do ex-presidente Bill Clinton, do investidor Warren Buffett e do dono da Microsoft, Bill Gates”, conta Pedriali. Aulas de logística com profissionais do alto escalão de empresas como Walmart, Microsoft e Saks Fifth Avenue também são comuns. “Você circula pelos corredores e esbarra com autoridades internacionais das mais variadas áreas”, diz Everton Silva, outro aluno do MBA da Columbia. “E, além de tudo, temos a vantagem de estar em Nova York, onde tudo acontece antes”, lembra Leão Roberto Carvalho, 27 anos. Pago, subsidiado ou remunerado, o intercâmbio vale a pena. Com a influência brasileira em ascensão no mundo, novas parcerias surgem com rapidez e destinos inusitados passam a figurar entre as opções de quem busca uma experiência internacional. Organizar uma viagem desse porte é trabalhoso, mas as recompensas são incalculáveis. Já escolheu o seu destino?

 

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Colaborou Patrícia Diguê