11/02/2011 - 21:00
Assista ao trailer:
CENÁRIO
O interior do cânion onde Ralston perdeu o
braço foi simulado em estúdio
A situação restringe-se tão somente às aventuras de alpinistas e talvez por isso fique difícil imaginar o que uma pessoa que não pratique essa atividade faria diante de um acidente como esse: queda, prisão numa fenda profunda de um cânion, braço direito esmagado por uma rocha das dimensões de um botijão de gás. Na vida real, o alpinista americano Aron Ralston foi vítima desse infortúnio, quando explorava sozinho, em maio de 2003, o monte Blue John, em Utah, no oeste dos EUA. Aventureiro experiente, ele sabia que tinha pouco tempo de vida e que poderia estendê-lo caso reaproveitasse os poucos mililitros de água de que dispunha. Após cinco dias, chegou à conclusão de que a única coisa que tinha a fazer era se livrar do antebraço. E assim o fez, com o auxílio de um canivete cego. Seu relato de desespero foi publicado no livro “Between a Rock and a Hard Place”, que se tornou um best-seller até chegar agora às telas do cinema com o título de “127 Horas”, exatamente o mesmo tempo que ele passou dentro do buraco, a quilômetros de distância de qualquer outro ser humano.
Com estreia marcada no País para a sexta-feira 18, o filme chega com seis indicações ao Oscar, incluindo a de melhor ator para James Franco. Trata-se de uma atuação espetacular tendo em vista que a história se passa num cenário único e sem nenhum interlocutor a não ser a sua memória e a sua consciência. Na falta de alimentação e em razão de tantas noites insones, ele começa a delirar. Ralston tinha uma câmera e mesmo em meio ao desespero registrou cenas segurando o equipamento na mão esquerda: “São 3h05 de domingo. Completo 24 horas preso no cânion Blue John. Sou Aron Ralston. Meus pais são Donna e Larry Ralston, de Englewood, Colorado, EUA. Quem achar essa fita, por favor, tente entregá-la a eles. Hoje é 27 de abril de 2003 e estou usando minha câmera digital para filmar a mim mesmo.” As gravações reais foram vistas pelo diretor Danny Boyle e por Franco, que usou em cena a filmadora do alpinista. Outra gravação, feita na pedra com o mesmo canivete, felizmente não serve para nada: era o seu epitáfio.