Uma notícia divulgada na última semana trouxe nova esperança para os portadores de câncer de próstata. A Dendreon, uma empresa de biotecnologia sediada em Chicago, nos Estados Unidos, anunciou a conclusão de testes com uma vacina contra a doença. Ela é indicada, inicialmente, para portadores do tumor em estágio avançado. De acordo com a Dendreon, os resultados mostram que o medicamento, batizado de Provenge, prolonga a vida dos doentes. Os números finais serão apresentados na terça-feira 28, durante o encontro anual da Associação Americana de Urologia.

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A droga espera aprovação do governo americano. Deverá ser indicada a pacientes em estado grave

De posse dos dados, os criadores do remédio vão pedir a aprovação do produto pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão americano responsável pela liberação de medicamentos. Dois anos atrás, a entidade não deu o seu aval à vacina com o argumento de que faltavam evidências de eficácia e que a amostragem da pesquisa feita para testar o produto era pequena. Na época, a empresa apresentou um trabalho realizado com 127 homens. Segundo a pesquisa, os que usaram o Provenge viveram em média 25,9 meses e os que receberam placebo, 21,4 meses. Após três anos,34% daqueles tratados com a vacina estavam vivos, contra 11% entre os que utilizaram placebo. Agora, a Dendreon promete atestar o efeito da vacina com um trabalho feito com 512 homens.

Se a droga for aprovada, será a primeira vacina para tratamento de câncer em todo o mundo. Hoje, há duas opções de imunizantes contra o câncer de colo do útero. Mas elas são preventivas. Impedem que a mulher seja contaminada pelo HPV, vírus causador do tumor. No caso do Provenge, ele não evita o surgimento da doença, mas prolongaria a sobrevida dos doentes. Na prática, seria a única opção para pacientes resistentes a todos os outros tipos de terapia. "Sua chegada ao mercado poderá ser um grande avanço", acredita Gustavo Guimarães, integrante do Departamento de Cirurgia Pélvica do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, especializado no tratamento do câncer. "Um dos nossos desafios é ter algo a oferecer a doentes que não respondem mais ao que temos atualmente", diz o médico.

Trabalhos buscando vacinas para tratar o câncer estão em andamento no mundo todo. No Brasil, a empresa FK Biotec, de Porto Alegre, realiza desde 2001 testes clínicos com outra vacina contra o câncer de próstata. Até agora, há 140 pacientes envolvidos. Segundo o médico Fernando Kreutz, diretor da companhia, os resultados são promissores. Em 38% dos doentes, a concentração de PSA, proteína associada ao tumor, diminuiu. "Isso indica que a doença está sendo combatida", diz Kreutz.