Morreu na quinta-feira 3 em Paris a atriz Maria Schneider. Tinha 58 anos de idade, os últimos 39 vividos com seu nome unido epidermicamente ao filme de Bernardo Bertolucci “Último Tango em Paris”. Assim foi não porque a maioria do público em todo o mundo entendeu – ou teve a coragem de pelo menos tentar entender – a proposta psicanalítica de Bertolucci da importância da conquista da solidão, mas, sobretudo, porque ela protagonizou uma cena de sodomia (com manteiga usada como lubrificante íntimo) com o ator Marlon Brando. Bem mais importante do que essa cena, no entanto, foi a coragem de Bertolucci, de Maria Schneider e de Marlon Brando em mostrar que as relações humanas afetivas e amorosas podem se dar sem o sentimento narcisista do ciúme e da posse, podem se dar sem a mitificação burguesa da família. Segundo a família, a atriz morreu “de uma longa doença”. Alguns jornais franceses cravaram câncer. Seu último trabalho (atuou em cerca de 50 filmes) foi em 2008 em “O Cliente”.