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TROFÉU
Netzer assina uma das maiores
descobertas do século XX
 

 

Herodes, o Grande (73 a. C. a 4 a. C.), rei da Judeia, entrou para a história por ordenar a morte de todas as crianças com menos de 2 anos, na tentativa de exterminar Jesus Cristo, anunciado como futuro rei de Israel. Também por ser um líder sanguinário e odiado pelos súditos, que governava judeus sob a tutela dos romanos. Ficou famoso pelas fantásticas obras que realizou, como o porto de Cesareia e o Templo de Jerusalém. Mas sua porção cruel sobrepuja a sua genialidade como arquiteto. Convencido de que a imagem que a história reservou para o rei era injusta, o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém Ehud Netzer dedicou exatamente metade da vida recontando sua trajetória por meio da arqueologia. E morreu ao cair no seio de sua maior descoberta, o túmulo do soberano. 

Em Herodium, uma colina artificial erguida por Herodes no deserto para cercar um palácio, Netzer armou acampamento, em 1972. Ali, só para citar duas extravagâncias, existiram uma gigantesca piscina de 2,6 mil m2 e um teatro para 450 espectadores. Foram 38 anos escavando à procura da tumba do rei. Ele a encontrou em 2007. “É um dos maiores achados de Israel, de relevância bíblica para o judeu e o mundo ocidental”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo, da Universidade de Santo Amaro. Há registros de que, antes de morrer, Herodes ordenou que líderes judeus presos fossem mortos para que o povo de Israel chorasse no funeral do rei (ordem não cumprida).

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Netzer não pôde desacelerar. Alguns contestaram sua descoberta por não conter uma inscrição mortuária do tipo “aqui jaz Herodes”, comum nos sepultamentos da época. Herodium continuou sendo a sua casa. Ali, sob os escombros e a aura do político habilidoso e homem devasso, Netzer perseguiu sua obsessão e se expôs a perigos, que muitas vezes causaram a morte de arqueólogos – como ocorreu com Howard Carter, que descobriu o túmulo do faraó Tutancâmon, em 1922, e faleceu em consequência de uma intoxicação produzida pelos gases liberados pelo sarcófago. Na colina artificial, três anos e meio depois de achar a sepultura do rei, Netzer, 76 anos, tragicamente encontrou a sua. Ele conversava com colegas de trabalho quando o corrimão de madeira no qual se apoiava cedeu. Ao despencar seis metros abaixo, lesionou-se no pescoço e nas costas e não resistiu aos ferimentos. Judeus como Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, teceram-lhe homenagens e choraram a sua morte. Exatamente como Herodes sonhava.

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