Opositores e aliados, interlocutores ou meros espectadores, estão todos positivamente surpresos – e alguns testemunharam isso –, com o estilo discreto e focado da presidente Dilma governar. Logo que assumiu ela fechou-se no Planalto, imersa em seguidas reuniões, decidindo como reorganizar a máquina do poder. Questionou posições estabanadas de assessores, demitiu um secretário por declaração a favor de penas alternativas para detentos e até cancelou as férias do seu ministro da Educação após novo escândalo na pasta. Mergulhou no trabalho fazendo jus à fama de gerentona. Bem diferente do antecessor, Lula, que nos primeiros 100 dias trombeteou aos quatro ventos sua influência com seguidas viagens e aparições públicas. Dilma evita os holofotes e o marketing dos encontros. Tal e qual um CEO do mundo corporativo que sai em busca de resultados, ela estabelece metas e prima pela austeridade. Vem ganhando com essa conduta a simpatia e o reconhecimento inclusive dos empresários. Para muitos deles, a nova presidente supre a carência de carisma pessoal com a marca da efi ciência administrativa. Melhor assim para um país que almeja voos econômicos ainda mais altos. Dilma planeja cortes de gastos – e já avisou alguns governadores a respeito. Não quer saber de riscos ao crescimento econômico e colocou na mira a política cambial, a ameaça infl acionária e as concessões paternalistas no comércio com países-parceiros. Está revendo contratos internacionais. Enviando emissários para rediscutir as bases com chineses e latinos. Jogando duro. Pessoalmente Dilma foi até Cristina Kirchner e vai a Obama. Mas nesses encontros diplomáticos quer avançar além dos cumprimentos protocolares e dos saraus políticos. Na semana passada, abrindo formalmente os trabalhos legislativos do Congresso, mostrou no discurso e nas atitudes que, também nessa esfera parlamentar, não estará muito receptiva ao toma-lá-dá-cá rasteiro dos  pequenos acordos. Quer discutir grandes ações. Reformas de vulto. Subiu um degrau na qualidade dos debates. É o governo pulso firme, padrão Dilma.