O americano Narciso Rodriguez desembarcou mais uma vez no Brasil. Desta vez, o estilista não veio passear nem visitar amigos estrelados do naipe de Caetano Veloso. E, sim, lançar o primeiro perfume com sua assinatura, distribuído no Brasil pela RR Perfumes e Cosméticos. A novidade, que mescla aromas amadeirados e florais, estará no mercado brasileiro apenas em agosto – pelo preço médio de R$ 250 –, mas na segunda-feira 28 já foi festejado com um pocket show de Gal Costa na Casa Fasano, em São Paulo. Fora do País, onde é vendido há nove meses, o produto foi premiado com o conceituado Fifi Awards, na categoria Nicho, de fragrâncias femininas, que contempla perfumes vendidos em menos de 250 pontos nos Estados Unidos.

A premiação do perfume com tão pouco tempo de mercado repete a história de Narciso na moda. Assim que pisou com sua grife nas passarelas de Milão em 1997, ele recebeu o prêmio de estilista revelação – o Best New Designer –, concedido pela revista Vogue e pelo canal de televisão americano VH1 Fashion. Hoje, coleciona prêmios. É o único estilista a ganhar duas vezes consecutivas (2002 e 2003) o concorrido Council of Fashion Designers of America, o Oscar da moda.

Para chegar ao olimpo, Narciso, que prefere não comentar a idade, batalhou muito e contou com a ajuda da família. Nascido em Nova Jersey (EUA), ele é filho de pais cubanos, Narciso e Maria, que deixaram seu país em 1956 em busca de um futuro melhor. Chegaram aos Estados Unidos sem dinheiro nem emprego e, claro, sem falar inglês. O pai trabalhou como estivador no porto de Nova Jersey e a mãe costurava roupas para a família e amigos. “Eles dizem que se orgulham de mim. Eu digo que sou eu quem se orgulha deles”, conta. A verdade é que todos têm motivos de sobra para se envaidecer. Os pais por terem dado melhores oportunidades ao filho e ele por saber aproveitá-las.

O desejo de ser estilista surgiu aos 17 anos, com a admiração pela famosa designer Donna Karan. Coincidentemente, Narciso e Donna se formaram na mesma faculdade – a conceituada Parsons School of Design, em Nova York – e tiveram o mesmo primeiro emprego, na grife Anne Klein. Depois de seis anos, Narciso deixou a empresa e foi para a Calvin Klein, onde ficou quatro naos, até 1995. Passou ainda pela Cerruti, em Paris, e pela Loewe, em Madri. Nesse mesmo período, fez o vestido de noiva da amiga Carolyn Bessette – o mais copiado da década de 90 – e criou sua grife. Em 2001, voltou para Nova York, onde participou da semana de moda.

Conhecido por adotar uma linha estruturada, chique e usual, Narciso se inspira em músicas, mulheres e arquitetura para criar. “Dentre os brasileiros, Gal Costa, Marisa Monte e Oscar Niemeyer são minhas referências”, conta. Assim, não é surpresa o fato de o estilista desprezar os exageros do mundo fashion. “Tudo é look sexy, look trash. Prefiro uma bela roupa com qualidade a cinco peças que só durem uma coleção”, explica. Talvez por isso seu nome seja sempre cotado quando se fala em substituições no mundo da moda. Foi assim quando Tom Ford deixou a direção de criação do Grupo Gucci e, recentemente, quando a imprensa nova-iorquina especulou a aposentadoria de Giorgio Armani.