Bem-vindo ao clube (Record, 496 págs., R$ 54,90), do inglês Jonathan Coe, lançado no Exterior em 2001, pinta em cores vívidas a Inglaterra dos anos 1970 sob a perspectiva de quatro jovens – Ben, Philip, Doug e Harding –, responsáveis por um sopro de vigor num mundo prestes a ruir. À época, o decantado fim do sonho, decretado por John Lennon, levou a juventude a ser musicalmente oprimida pelo incompreensível e pretensioso art-rock. Tais referências sonoras podem remeter ao livro Alta fidelidade, de Nick Hornby, mas Coe vai além ao montar o trágico cenário político da época que levou a Inglaterra aos seus dias de intolerância. Não à toa, no final do romance, o autor, natural da cidade de Birmingham, faz uma longa lista bibliográfica.

Usando como pretexto o cotidiano dos garotos, Coe mostra como o crescimento do desemprego e a desaprovação da política de imigração por parte de setores da sociedade inglesa fortaleceram os grupos extremistas de direita. Momento em que surge o movimento punk e a conservadora Margareth Thatcher sobe ao poder, tendo como pano de fundo os atentados a bomba praticados pelos militantes do Exército Republicano Irlandês (IRA). Contada por Sophie, sobrinha de Ben, a história deverá ser completada pela versão de Patrick, filho de Philip. Os dois se encontram casualmente em Berlim. Jonathan Coe promete lançar ainda este ano a continuação do romance – batizada de O círculo fechado –, centrada no final da década de 1990.