Assim como o vírus da gripe, que se alastra pelo ar, a conexão sem fio virou uma epidemia mundial. É cada vez mais comum encontrar quem navegue na internet usando um celular, computador de mão, videogame ou outro aparelho digital portátil. Esse acesso é feito de hotéis, restaurantes, empresas ou dentro de casa e é só uma amostra do que essa tecnologia pode oferecer. O mundo sem fio, ou wireless, em inglês, estabelece uma convergência global, em que os equipamentos se comunicam entre si. Com isso, decreta-se o gradual desaparecimento dos macarrônicos fios que desafiam a criatividade de decoradores e engenheiros.

Uma das aplicações mais populares é a chamada wi-fi, conexão em banda larga na qual os cabos são substituídos por uma transmissão por ondas de rádio. A capital mundial wireless é Seul, na Coréia do Sul, que concentra um quinto dos pontos wi-fi do mundo, com 400 mil assinantes. Em seguida vem Nova York, com mais de 13 mil pontos de acesso só em Manhattan, e Londres, onde os 7,3 mil habitantes contam com seis mil pontos de conexão. Nessas cidades, os estudantes acompanham as aulas de seus notebooks, os guardas de trânsito emitem multas em computadores de mão e a polícia monitora as ruas através das câmeras de vigilância sem fio.

A revolução se alastra à velocidade da luz. No Brasil, o número de pessoas com acesso sem fio não segue a mesma rapidez, mas o número de usuários em potencial é animador. Há 54 milhões de celulares habilitados no País, o que significa que um em cada três brasileiros tem celular. Além disso, existem 400 mil aparelhos portáteis, entre computadores de mão e notebooks, dos quais cerca de 15% fazem acesso sem fio. Os aeroportos de todas as capitais já oferecem o serviço, em mais de 300 hotspots, como são chamados os locais públicos de acesso (leia quadro à pág 86). Até o final do ano serão 1.550 pontos de conexão, metade da previsão para toda a América Latina.

Um exemplo é o Antiquarius, restaurante do Rio de Janeiro onde o comerciante Antonio Pedro Figueira de Mello costuma degustar pratos típicos portugueses.
De três meses para cá, as iguarias vêm acompanhadas de um serviço gratuito
de acesso wi-fi. Sem se levantar da mesa, Mello conecta seu notebook à internet para trabalhar e fazer transferências bancárias. Workaholic convicto, o publicitário Marcelo Gorodicht passou a ser um frequentador ainda mais assíduo do restaurante carioca. “Pode não fazer bem à saúde, mas entrar na rede durante o almoço agiliza a minha vida”, diz.

Refrigerante – A pioneira dessa onda foi a rede Fran´s Café. Das 80 filiais, 56 têm wi-fi. Para ter tal privilégio, o cliente deve ser assinante de um provedor ou se cadastrar na hora. Na cadeia de restaurantes Ráscal e Viena, em São Paulo, os garçons usam a mesma tecnologia. Anotam os pedidos em computadores de mão, os chamados PDAs (leia quadro à pág. 83), e a informação é enviada à cozinha, em tempo real. Processo semelhante foi adotado pelo Bradesco para diminuir o tempo de espera na fila. Munidos de PDAs, funcionários recebem pagamento de contas dos clientes antes de eles chegarem ao caixa.

Em Uberlândia, Minas Gerais, a ousadia foi maior. A operadora CTBC implantou um sistema pelo qual se aciona a máquina de refrigerante pelo celular. O valor da compra vem no final do mês, na conta telefônica. Outra novidade é a etiqueta inteligente, que substituirá o código de barras. Ela vem com um chip que emite um sinal de rádio recebido por sensores eletrônicos instalados na porta da loja. Em breve, essas etiquetas estarão em todas as mercadorias. Para comprar, basta passar pela porta e os produtos serão computados automaticamente e debitados na conta do consumidor.

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