Fala-se muito na batida do violão de João Gilberto e se esquece de outra, não menos inovadora, vinda de João Bosco. No CD “Não Vou pro Céu, mas já não Vivo no Chão”, o seu primeiro disco de estúdio em seis anos, João, o Bosco, dá a esse instrumento a função de protagonista: sete das 13 faixas são executadas apenas com ele. O álbum marca também o amadurecimento de sua parceria com o filho Francisco Bosco, o que rendeu inspiradas canções, como “Perfeição” e “Desnortes”. Para arrematar esse disco em tudo perfeito, João Bosco retoma em quatro faixas o trabalho com Aldir Blanc, entre elas “Navalha”, à altura das melhores músicas da dupla feitas nos anos 1970. Muitas delas, como “Bala com Bala” e “Caça à Raposa”, fizeram sucesso na voz de Elis Regina.

O BÊBADO E O EQUILIBRISTA
Com letra de Aldir Blanc (foto), a composição tornou-se hino da anistia política

INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS
Gravada por Caetano Veloso no CD “Zii e Zie”, essa música foi feita após a aprovação da lei do divórcio em 1977

O MESTRE SALA DOS MARES
Canção em homenagem ao marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ
Sucesso de Elis Regina, hoje embala a trama da novela da Globo “Caminho das Índias”

DE FRENTE PRO CRIME
Nessa música de 1975 a dupla retrata a violência urbana numa crônica do cotidiano carioca

TEATRO
Memórias do engenho
O dramaturgo pernambucano Newton Moreno transpõe para a realidade nordestina a trama de “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, na peça “Memória da Cana” (Espaço dos Fofos, São Paulo, até 2/11). O título se refere ao ciclo da cana, estudado por Gilberto Freyre em “Casa-Grande & Senzala”. É outra fonte de inspiração de Moreno, autor de “Agreste” e “As Centenárias”, dois dos melhores textos recentes do teatro brasileiro.

LIVROS
História e fantasia
O escritor argentino Tomás Eloy Martinez gosta de impregnar de fantasia a história recente de seu país. Em “Purgatório” (Companhia das Letras), ele conta a trajetória de Emilia Dupuy, mulher de um desaparecido político dado como morto e reencontrado três décadas depois. Com 60 anos, ela percebe que o companheiro não envelheceu. Tenta então recuperar o amor perdido, enquanto o cenário angustiante da ditadura militar da Argentina
é reconstruído. Emilia Dupuy, mulher de um desaparecido político dado como morto e reencontrado três décadas depois. Com 60 anos, ela percebe que o companheiro não envelheceu. Tenta então recuperar o amor perdido, enquanto o cenário angustiante da ditadura militar da Argentina é reconstruído.

CINEMA
Terror na Alemanha
Indicado ao Oscar de melhor Filme Estrangeiro deste ano, “O Grupo Baader Meinhof” (estreia no Brasil na sexta-feira 24) reconstitui a ação dos famosos terroristas de extrema esquerda que agiram na Alemanha nos anos 1970. A direção é de Uli Edel (de “Eu, Christiane F., Drogada e Prostituída”) e o roteiro vem assinado por Bernd Eichinger (de “A Queda”). Apesar do entra e sai de personagens, a soma desses talentos resulta numa trama interessante, cobrindo cerca de dez anos de atividade dos terroristas.