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PREVISÃO
Técnicos do Inpe na central de
Cachoeira Paulista (SP)

 

Desde a última semana do ano passado, um computador de última geração é o responsável por grande parte do trabalho do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC / Inpe). Batizado de Tupã em homenagem à divindade indígena responsável pelos trovões, a máquina de R$ 50 milhões processa em minutos o volume de dados que um computador normal administraria em dois meses. Informações como temperatura, umidade do ar, pressão atmosférica e velocidade do vento, fornecidas por uma rede global de satélites, geram previsões com dez dias de antecedência para qualquer região do mundo – informações já usadas com precisão por setores como o do agronegócio.

Apesar de não controlar as tempestades, Tupã será nosso maior mecanismo de alerta para evitar novas tragédias. Para isso, no entanto, é preciso que ele esteja constantemente conectado a instrumentos mais finos, tais como os radares meteorológicos. Essas máquinas podem fazer a previsão do clima em tempo real e dizer com exatidão o volume de chuvas que irá cair. Dessa maneira, poderiam prever as tempestades com precisão de horas para que as áreas de risco sejam evacuadas em caso de perigo. De acordo com o Inpe, existem cerca de 20 radares espalhados pelo Brasil, principalmente em aeroportos. “Mas não há uma rede que interligue essas informações aos institutos de pesquisa”, diz Luiz Augusto Toledo, coordenador do CPTEC.

Na prevenção de deslizamentos como os da semana passada, porém, ainda é preciso levar em conta a análise do solo. Isso porque cada tipo de rocha e de matéria orgânica absorve a água de maneira diferente. “Para prever se um morro pode desabar, por exemplo, primeiro preciso conhecer detalhadamente a composição das áreas, para então saber qual volume de chuva representa risco para o local”, explica Paulo Etchichury, pesquisador da Somar Meteorologia. Na avaliação do especialista, é preciso que dados geológicos e climáticos sejam monitorados 24 horas por dia e que a população seja treinada para agir em caso de desastre. “Isso já acontece em países que são constantemente atingidos por terremotos, como o Chile e o Japão. Por que não no Brasil?”, questiona.

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Colaborou Izadora Rodrigues