Assista ao trailer :

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O novo filme de Angelina Jolie, que estreia no Brasil na sexta-feira 21, chama-se “O Turista”. Poderia perfeitamente se intitular “A Acompanhante” e, assim, faria mais justiça à onipresença em cena da atriz americana. Logo no início dessa comédia policial a vemos atravessar o corredor de um vagão vip de um TGV em movimento no maravilhoso trajeto Paris-Veneza.

Modelada em um vestido que parece alinhavado no seu corpo,  Angelina lança o seu olhar de Medusa à procura de um assento, imobilizando todos os passageiros engravatados até decidir ser a “acompanhante” do tal turista do título. Ele é Frank, um abobalhado professor americano de matemática vivido por Johnny Depp, que se mostra um tanto desajeitado com mulheres – especialmente as de feitio perverso de Elise, a personagem de Angelina. Amante de um golpista inglês que roubara US$ 3,4 bilhões de um mafioso russo, ela está sendo perseguida pelos elegantes policiais da Scotland Yard e pelos brutamontes com sotaque do Leste. O matemático de Wisconsin, claro, nem desconfia disso e, seduzido por Elise, a segue feito um cãozinho. Como se vê, mal-esquecida pela atuação da agente de “Salt”, Angelina Jolie retorna a uma trama concebida para ser seu veículo.

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CAPRICHO
Angelina Jolie aceitou o convite para atuar em “O Turista”
porque as filmagens foram rápidas e se deram entre Paris e Veneza

Já se disse que, para dividir a cena com Angelina, é preciso um ator à altura – e nesse caso está incluído também o porte físico. A escolha de Johnny Depp, que sempre saiu-se brilhantemente em seus trabalhos, dessa vez não funcionou. Diante da exuberância de Angelina, ele optou por caracterizar-se como um tolo. Um exemplo: ao vê-la como molde de um decotado vestido preto de noite e pronta para o jantar, ele troca as palavras como já estava fazendo com as pernas: “Você está faminta.” Queria dizer: “Você está fascinante”, um trocadilho que funciona em inglês (ravenous/ravishing), mas se perde no nosso idioma. Assim, quem ganhou mais em estatura foi Angelina, que concorre ao Globo de Ouro. Nesse estágio da carreira, ela brinca com a autoimagem e não parece se levar muito a sério. Declarou que decidiu fazer “O Turista” porque as filmagens seriam rápidas e – para melhorar a sua vida e a de seus seis filhos – realizadas entre Paris e Veneza.

Isso não quer dizer que Angelina simplesmente ligou o piloto automático. Aplicada como é, dispensou dublês e dirigiu, ela própria, as lanchas usadas nas cenas de ação feitas nos canais da cidade italiana. Nada de excepcional. Diante do insistente desejo do filho Maddox (cambojano, 9 anos) em voar de teco-teco, Angelina tirou um brevê e, com parte de seu cachê de US$ 20 milhões, comprou para ele um avião de gente grande, um Cirrus SR22. Ela se saiu bem nas perseguições aquáticas e, numa delas, se livrou de um gângster usando uma boia salva-vidas – não é preciso dizer que estava de vestido longo. Tais absurdos não escondem a intenção do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck (de “A Vida dos Outros”) em realizar uma comédia sofisticada no estilo de “Ladrão de Casaca”, de Alfred Hitchcock, estrelada por um par de química perfeita: Grace Kelly e Cary Grant. Mas Donnersmarck não é Hitchcock. E o sempre ótimo Johnny Depp dessa vez foi literalmente jogado para escanteio por Angelina Jolie, a sua bela acompanhante.

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