12/01/2011 - 15:21
Chegou na tarde de hoje a 114 o número de mortos por deslizamentos de terra em Teresópolis (RJ). A Região Serrana do Rio já contabiliza 142 vítimas das chuvas. Petrópolis registra 18 mortos, de acordo com a prefeitura. Em Nova Friburgo há dez vítimas, segundo autoridades locais.
Na cidade, há 1.200 pessoas desalojadas e 900 desabrigadas. Os moradores que não têm como ficar em suas casas por causa das chuvas ou que perderam seu imóvel estão sendo levados para o ginásio de esportes Pedro Jahara, no centro da cidade.
Foi aberta uma conta no Banco do Brasil para receber doações. O número da conta é 110000-9 e o da agência é 0741.
Calamidade pública
A prefeitura decretou estado de calamidade pública e estima que o número de desabrigados já passa de mil pessoas. A área mais atingida é a periferia do município. O governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), pediu aeronaves à Marinha para facilitar o deslocamento de bombeiros e outros integrantes de equipes de resgate. Todas as secretarias estaduais foram mobilizadas para atender as vítimas e reparar as áreas devastadas.
Os bairros mais atingidos foram os de Poço dos Peixes, Caleme, Vale Feliz, Fazenda da Paz, Posse, Paineiras, Jardim Serrano, Parque do Imbuí, Granja Florestal e Barra do Imbuí, na zona urbana, e as localidades de Pessegueiros e de Bonsucesso, no interior do município. Pela manhã, o governador do Rio, Sérgio Cabral, solicitou ao Comando da Marinha, aeronaves para o deslocamento de mais homens e equipamentos do Corpo de Bombeiros.
De acordo com a Defesa Civil, nas últimas 24 horas foram registrados 140 mm de chuva. De acordo com a prefeitura, equipes da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e voluntários trabalham desde 2h da madrugada, percorrendo a cidade e prestando atendimento às famílias atingidas. Os desabrigados são encaminhados para o Ginásio Pedro Jahara. Uma estrutura emergencial foi montada no local, com tendas e salas para o recolhimento de alimentos e donativos.
A prefeitura disse que ainda não é possível contabilizar o número de desaparecidos e desabrigados com o temporal porque as equipes de resgate encontram dificuldades para chegar em muitas localidades.
Dilma telefona para Cabral
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, telefonaram nesta quarta para Sergio Cabral e se comprometeram a providenciar "tudo o que for necessário" para ajudar as vítimas das fortes chuvas que recaem sobre o Estado do Rio.
Ainda não estão definidos os recursos do governo federal a serem liberados para o território fluminense, mas o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, vai visitar ainda nesta quarta as regiões atingidas, em especial a região de Teresópolis. "O governo pode se comprometer com tudo o que for necessário", disse o senador eleito pelo Rio, Lindberg Farias, que foi recebido por Palocci no Palácio do Planalto.
De imediato serão mobilizados os ministérios da Saúde, Integração, Defesa, Desenvolvimento Social, Transportes e Meio Ambiente, além do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para auxiliar as regiões atingidas com vacinas e medicamentos, hospitais de campanha, reconstrução e desobstrução de estradas.
Nesta quarta, o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, fez um sobrevoo na região e conversou com lideranças políticas sobre os estragos. O governador Sérgio Cabral, disse em comunicado que lamenta pelas mortes e demonstrou solidariedade às famílias dos bombeiros mortos em Nova Friburgo. Cabral também solicitou o apoio da Marinha Brasileira, no transporte da frota e de equipamentos do Corpo de Bombeiros às áreas atingidas.
Mais chuva
A meteorologista do Inmet no Rio de Janeiro Marlene Leal afirmou que uma frente fria está sobre o litoral do Estado e se desloca para a região serrana. Segundo ela, possivelmente, até sexta-feira haverá chuvas moderadas a fortes, atingindo mais ainda o local afetado. "Na região Serrana, nas últimas 24 horas houve um acúmulo pluviométrico de 300 ml. Só em Friburgo, nesta quarta, das 4h às 6h, contabilizamos 100 ml", afirmou.
As declarações foram feitas no início da tarde desta quarta no Quartel do Comando Geral dos Bombeiros do Estado. O subcomandante da Defesa Civil do Rio de Janeiro, coronel José Paulo Miranda, participa de uma reunião para planejar as novas operações de resgate e socorro na região Serrana.
A meteorologista da Climatempo, Josélia Pegorim, afirmou que a situação no sudeste do País em relação às enchentes é de alerta total até, pelo menos, o próximo domingo e que a região deve enfrentar mais chuvas já na quinta-feira. Segundo ela, muitos dizem que nunca choveu tanto no sudeste, porém tal afirmação é equivocada, já que chuvas fortes e constantes acontecem em todos os verões. "Não é novidade. Sai verão, entra verão, (as chuvas) começam. Mais cedo ou mais tarde, a gente vê esses deslizamentos decorrentes da chuva acontecendo", disse.
Josélia afirmou ainda que os habitantes das regiões afetadas pelo mau tempo devem ter em mente que o terreno onde moram não voltará ao normal assim que a chuva cessar, ainda mais porque "não foi a primeira chuva dessa temporada", deixando o solo mais frágil.