O lançamento de um novo disco de Jorge
Ben Jor é sempre saudado como preparo para a festa. Afinal, ele sempre foi um dos convidados mais queridos do meio musical. Hoje, não há artista tupiniquim – de Titãs a Daniela Mercury, de Os Paralamas do Sucesso a Chitãozinho & Xororó – que não o cite como preferência ou referência
de suingue e de uma batida tão personalizada quanto a que João Gilberto criou
para a bossa nova. Há nove anos sem lançar um álbum inédito – o último foi
Homo sapiens
, de 1995 –, o carioca de 62 anos quebra o jejum com um CD
de nome tão quilométrico e curioso quanto as suas letras: Reactivus amor est
(turba philosophorum)
.

Trata-se de um legítimo trabalho de Jorge Ben Jor: balanço personalizado, percussão tropicalíssima e letras nonsense, de métricas que desafiam qualquer regra poética. A diferença é que agora o cantor e compositor, empurrado pela turma da gravadora Universal Music, cavucou as possibilidades dos recursos eletrônicos que se misturam com propriedade à sua ginga. Gabriel, Rafael, Miguel é um bom exemplo. O começo parece um feitiço eletro-indígena com um mantra cantado, que depois se espalha pela melodia inteira. Eu bem que lhe avisei remete às típicas canções de Jorge Ben Jor preparadas para agitar a festa. Tem refrão que atarraxa na cabeça e um balanço para não deixar ninguém parado.