Partimpim é como o pai da cantora Adriana Calcanhotto a chama desde pequena. O apelido não foi invenção dele, mas da própria filha, sempre chegada nas artes. A mais recente é o inspirado álbum Adriana Partimpim, no qual a gaúcha assume a alcunha da personagem para dar à luz um trabalho que, a princípio, se dirige ao público infantil. Na verdade, o CD está bem distante do que normalmente se produz no gênero. Em seu primeiro disco totalmente de intérprete, Adriana foi bastante criteriosa na seleção das faixas, reunindo verdadeiros achados.

Lição de baião, gravada por Baden Powell em 1961, ganha uma versão com toques de drum’n’bossa, enquanto a marchinha de Carnaval Lig-lig-lig-lé, dos bailes de 1937, mergulha numa atmosfera felliniana. Outra preciosidade é Formiga bossa nova, do repertório de Amália Rodrigues, que conta com a luxuosa guitarra portuguesa de António Chainho. Entre as composições mais recentes aparecem
Oito anos, que Paula Toller fez para o filho Gabriel e gravou no seu disco solo
de 1998, e Saiba, de Arnaldo Antunes, segundo Adriana, uma canção para ninar adultos. Ponto alto do CD, Ser de sagitário, presente de Péricles Cavalcanti para a filha Nina, resume a busca do disco por aquele raro momento em que artista e criança são um só ser.