O poeta Vinicius de Moraes dizia que o melhor amigo do homem é o uísque. “É o cachorro engarrafado”, definia. O Clube do Uísque existe para estreitar essa amizade. Funciona assim: o cliente compra uma garrafa da marca de sua preferência, que será numerada. Recebe uma fita dosadora para que ele controle seu consumo e um cartão personalizado com o seu nome e o número da garrafa que fica no bar. São vários points na cidade. Um dos mais tradicionais é o bar Charles Edward, na avenida Juscelino Kubitschek, que tem 2.800 associados. O Charles oferece 50 rótulos. Para demonstrar seu amor a bebida, Agenor Dias, o Kiko, dono do bar, reproduziu em sua fachada uma caixa do uísque Johnnie Walker Red Label, o rótulo mais concorrido. Em Moema, o Café Journal abriga em suas prateleiras 850 garrafas de associados. No menu do Café Journal há 15 rótulos diferentes, desde Johnnie Walker Red Label 8 anos vendido a R$ 125 até o mais caro, Johnnie Walker Blue Label 21 anos a R$ 730. No Morumbi, no Ilha das Flores, estão guardadas mais de mil garrafas. A de número 195 tem uma história curiosa. Aberta em 1995, a Black & White ficou nove anos na prateleira. Seu dono, George Cox, mudou-se para Nova York. Na volta ao Brasil, neste ano, foi ao bar e pediu por sua garrafa. Para sua surpresa, ela estava lá, com sua marca no rótulo. Conselho de especialista: peça sempre o escocês original.

Charutos

Os fãs dos puros termo utilizado para designar charutos – não ficam atrás. Seus adeptos são atraídos aos clubes pela possibilidade de encontrar charutos avulsos e desfrutar das baforadas num ambiente arejado. “Para cada pele, um perfume. Para cada fumante o seu charuto preferido”, explica Beto Ranieri, proprietário da Tabacaria Ranieri, na al. Lorena, nos Jardins. Com a abertura das importações, no governo Collor, os apreciadores de tabaco puderam conhecer os charutos cubanos. “O clube surgiu depois que criamos uma sala especial para armazenar os puros e vendemos unidades, o que fez com que os fumantes passassem a conhecer as várias marcas e trocar informações sobre elas.”

Eis as dicas de Ranieri: “Escolha um determinado tamanho, de preferência não muito grande, um Corona. Adquira três unidades de diferentes procedências, Cuba, República Dominicana e Brasil e defina qual lhe agradou mais.” Em São Paulo há diversos lugares especiais para a degustação. No Havana Club, situado no Hotel Renaissance, há ambientes variados, alguns mais reservados e outros mais abertos, com o balcão e a pista de dança. Os drinques da casa foram inspirados na coquetelaria cubana. Durante o happy hour, que começa às 18h, a casa traz apresentações de músicos ao vivo. Os charutos mais vendidos no local são os cubanos Montecristo nº 3, a R$ 80 e Cohiba Robusto a R$ 152, a unidade. A marca brasileira Dona Flor Robusto, a R$ 30, também tem muitos apreciadores.

Chope

Sair para tomar uma cervejinha é o propósito comum entre amigos. Nada mais natural que muitos bares criassem o Clube do Chope. No bar A Lapinha, na Lapa, cada cliente tem reservado uma miniatura de barril de chope, com a inscrição do nome do cliente. Dentro do barrilzinho, vem uma cartela com a quantidade de chope a ser consumida – 50, 100 ou 150 calderetas. Com o sistema, o consumo chega a cinco mil chopes por mês. Numa cartela de 100, cada chope sai a R$ 2,23. No Genuíno Bar e Choperia, na Vila Mariana, que utiliza o mesmo sistema, são consumidas em torno de 500 cartelas por mês. O chope custa R$ 2,95, se consumir as cartelas de 30, 50 ou 100, sai 10% a menos, ou seja, R$ 2,65. Apreciador dos clubes, e especialista em cervejas, o cantor Ed Motta deixa uma dica. Quando o assunto forem as loiras, as marcas belgas são imbatíveis e as melhores do mundo.

Cachaça

A branquinha que antes era vista como bebida de qualidade inferior, hoje é tratada como um destilado de respeito. Para Paulo Magoulas, presidente da Academia Brasileira da Cachaça, o surgimento de clubes em São Paulo são um reflexo da moda da pinga de alambique. No Rio de Janeiro, Paulo é integrante de um clube de cachaça na Cachaçaria Alambique Carioca, e sua garrafa é a Monte Alvão, produzida em Itatiaiuçu, Minas Gerais. Na avenida Juscelino Kubitschek funciona o Clube da Cachaça do Bar do Juarez, com 78 marcas. Para os novos adeptos, Magoulas aconselha escolher sempre as artesanais, evitando as industriais. Para aqueles que querem provar as boas e baratas, a dica é A Lua Cheia, de Salinas, Minas Gerais, vendida por R$ 15 a garrafa. Localizado nos fundos do Bar e Restaurante Chácara Santa Cecília, o Bar Mané Bode tem um Clube da Cachaça que coloca à disposição de seus frequentadores mais de 220 rótulos. Na frente do bar há uma escultura de seu antigo proprietário, o Mané Bode. A mais cara é a Anísio Santiago, R$ 320 e a mais em conta é a Coral, a R$ 50. Há cachaças cultivadas pelo próprio bar conservadas em barris de carvalho, uma delas com mais de 30 anos.

SERVIÇO:
Café Journal
, rua Canário, 566, Moema. Tel.: 5051-2322/2339. Ilha das flores, rua dos Curumins, 5 – Morumbi. Tel.: 3031-5644. Charles Edward, av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.426, Itaim Bibi. Tel.: 3078-5022. Havana Club, al. Santos, 2.233 (Hotel Renaissance), Jardins. Tel.: 3069-2233 e 3069-2626. Ranieri, al.
Lorena, 1.221, Jardins. Tel.: 3062-5504 e 3083-0843, Tabacaria Lee,
Shopping Higienópolis, tel.: 3667-1222 e Center Norte, tel.: 6222-2635.
Jesuíno Bar & Foods
, rua Ministro Jesuíno Cardoso, 381, Vila Olímpia.
Tel.: 3044-3311. A Lapinha, rua Coriolano, 336 (esquina com a rua Tibério),
Lapa. Tel: 3672-7191. O Genuíno Bar e Choperia, rua Joaquim Távora, 1.217,
Vila Mariana. Tel.: 5083-4040. Bar do Juarez, avenida Juscelino Kubitschek,
1.164 (esquina com a rua Atílio Inocenti), Itaim Bibi. Tel.: 3078-3458.
Chácara Santa Cecília
, rua Ferreira de Araújo, 601, Pinheiros. Tel.: 3034-3910.