Com o fim de uma era, a transição de um ciclo, o Brasil inicia 2011 sob o signo da mudança. Não apenas de governo, mas de estilo de gestão. O Brasil apaziguador, que perdoa erros dos vizinhos e fecha os olhos a atentados humanitários – como no caso do Irã e de Cuba –, cede lugar a um Brasil mais fi rme nas posições, não belicoso, porém crítico de ações externas que contrariam o senso-comum e os direitos sociais. A própria presidente Dilma, antes mesmo de tomar posse, cuidou de dar o tom de uma nova conduta no campo da diplomacia e contra os equívocos de política dos parceiros. O Brasil econômico, por sua vez, muito embora deva seguir no trilho dos resultados consistentes de PIB e controle monetário, experimentará também uma guinada. Planeja novos horizontes e assume abertamente mais desafios. Precisa, por exemplo, debelar a prática da frouxidão nos gastos públicos. Atuar dentro de um modelo mais desenvolvimentista, como é desejo da presidente Dilma e de seu escudeiro na Fazenda, Guido Mantega. Nesse aspecto, o PAC será de vital importância. Os caminhos revistos incluirão agora a consolidação do pré-sal, a expansão do parque industrial brasileiro por outros Estados e regiões do País, além da conclusão de obras de infraestrutura que darão bases aos eventos da Copa do Mundo e da Olimpíada. Na área política há também fortes inclinações para uma conduta mais serena. A maioria inédita conquistada pelo novo governo no Congresso, com uma bancada de parlamentares aliados infl uentes dentro de seus partidos, deve auxiliar na tramitação dos projetos e da pauta de reformas que o País anseia há décadas. A reforma política, a reforma tributária, previdenciária e administrativa estiveram na lista de prioridades de todo novo governante e, invariavelmente, cada um deles esbarrou em difi culdades para levar esses projetos adiante. A maior delas foi justamente a falta de sustentação parlamentar e de disposição desses mandatários de aproveitar, logo no início, o imenso capital político trazido das urnas. Por isso mesmo, é importante frisar, o sucesso de cada uma das futuras iniciativas equilibra-se basicamente na força e no ritmo que a mandatária Dilma Rousseff vai empreender daqui para a frente. É uma missão ao mesmo tempo complexa e confortável dada a  condição como ela foi eleita. No papel deprimeira mulher a governar o País, Dilma pode fazer história logo no início de sua gestão. É o que esperam os brasileiros.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias