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“Escrita com luz” é a tradução da palavra de origem grega photographia. E isso é o que Walter Silveira, Fernando Laszlo e Arnaldo Antunes se propuseram a fazer, literalmente, em um projeto coletivo iniciado em 2001. Tudo começou quando o fotógrafo Laszlo decidiu transformar em imagem alguns poemas de Antunes e de Silveira. Dispostos a transformar a ideia em livro, os três artistas se dedicaram a experimentar formas de transformar as palavras em luz. Para isso, usaram diversos materiais, traquitanas e suportes, em que as palavras dialogam diretamente com o processo de uma escrita luminosa. Exemplo é “Fome de Sede” (foto), poema de Antunes, que é escrito com pólvora incendiada e depois fotografado por Laszlo. “Nosso trabalho se aproxima da linguagem visual contemporânea, na medida em que dialoga com logotipos, ideogramas, hai-kais. Não se trata de um texto fotografado e sim um processo que passa por uma captação fotográfica”, diz Silveira.

O curador Daniel Rangel, responsável pela diretoria de museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Dimus), descobriu o projeto do livro ainda não publicado e selecionou 29 trabalhos que compõem a mostra “Luzescrita”, que acontece na Galeria Solar Ferrão, em Salvador.

Rangel incluiu, além das imagens fotográficas, os objetos criados para realizar as fotografias e outros criados a partir dos poemas. “Durante o processo de criação, alguns objetos foram feitos para possibilitar as fotografias e achamos que seria legal incluí-los como parte do trabalho. Há também outros que tinham um resultado melhor como objetos artísticos do que como fotos”, explica Laszlo.

Outro aspecto a ser ressaltado na mostra é o processo de realização low-tech das imagens. Apesar de serem esteticamente muito próximas dos resultados obtidos com tecnologias digitais, as imagens de “Luzescrita” são 100% artesanais. “As fotos também são traquitanas, porque exigem uma montagem e uma improvisação experimental. Tudo foi feito à mão”, diz Laszlo.