FOCO Segundo o autor "celetoides" são os que ficam célebres por osmose

Hoje, muitas pessoas são celebridades. Mas há diversas nuances dentro desse conceito. Por exemplo: Gisele Bündchen é glamourosa, tem um reconhecimento público favorável. Já Timothy McVeigh também é um nome conhecido, mas ele se fez notar por algo negativo: é o terrorista de Oklahoma. Tem, portanto, notoriedade. Mas ambos têm impacto sobre a consciência pública, independentemente das considerações morais e éticas. É nesse campo nebuloso que o sociólogo britânico Chris Rojek mergulha no livro "Celebridade" (Editora Rocco). Para abordar esse fenômeno contemporâneo ele criou um conceito novo, o de "celetoide". Em foco, pessoas que se aproximam de famosos pensando em faturar um naco de prestígio. O autor cita um caso típico de "celetoide": mulheres que namoram políticos, jogadores de futebol, artistas e toda sorte de famosos e depois ganham cachê posando para revistas masculinas. É lamentável ter de dizer assim, mas no fundo todos acabam no mesmo balaio, tanto uma supermodelo quanto um assassino ou uma oportunista, porque eles alimentam o imaginário popular cada vez mais ávido por sensacionalismo. A separação se dá no julgamento: Gisele tem fãs, seguidores, admiradores. Monica Lewinski, a estagiária que teve um caso com o então presidente americano Bill Clinton, é alvo de crítica e de chacota.

 

E todos são igualmente fabricações culturais. Rojek fala, também, dos diferentes status da celebridade: conferido, adquirido e atribuído. No primeiro, estariam os derivados pela linhagem de sangue, herdeiros como o príncipe inglês William. O segundo grupo incluiria os que batalharam para se destacar numa atividade: as jogadoras Venus e Serena Williams ou o escritor Ernest Hemingway. E, por fim, a celebridade atribuída é aquela na qual se encaixam pessoas notáveis, como Mandy Allwood, a mãe inglesa grávida de óctuplos. A diferença entre fama atribuída e "celetoide" é que essa última costuma ser construída em torno de escândalos. O sociólogo mostra que o status de celebridade já existia em culturas antigas como a romana. Estava sempre associado ao exibicionismo – e ainda está. Ele cita alguns exibidos contemporâneos: Britney Spears, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis. Muito interessante também é a correlação que ele faz entre o declínio da "religião organizada no Ocidente" e a "cultura da celebridade". Segundo Rojek, a segunda emergiu como uma das estratégias de substituição da primeira. O autor também fala do "outro lado", ou seja, do público cujo vazio existencial alimenta toda a cadeia. No fim de todo o pensamento sociológico, uma certeza simples: atravessando as diversas possibilidades de uma pessoa adquirir destaque público está a efemeridade – que fala por si só. Um Frank Sinatra é para sempre. Já um ex-big brother…