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VÁCUO
Severino Cavalcanti foi eleito em 2005
aproveitando brigas internas no PT e no PMDB

 

Diante da insatisfação dos deputados da base do governo com o Ministério da presidente Dilma Rousseff, um fantasma ronda a eleição para a presidência da Câmara, marcada para o início de fevereiro. Trata-se do risco de surgir uma terceira força aproveitando o racha dos partidos governistas. Foi assim que o folclórico Severino Cavalcanti acabou eleito presidente da Casa em 2005 e dois anos depois, ao receber mensalinho de um empresário, jogou o Congresso em uma de suas piores crises da década. Com a crescente legião de parlamentares irritados com a hegemonia do PT de São Paulo, que já levou a melhor fatia do Ministério de Dilma, o episódio pode se repetir. Na disputa estão seis parlamentares, mas a lista pode subir, dependendo das negociações que ocorrerão.

A divisão do PT já fez uma vítima. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), depois de criticar o movimento sindical, foi alijado como candidato governista à presidência da Casa. Vaccarezza se sentiu traído pelos deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Ricardo Berzoini (PT-SP) e Henrique Fontana (PT-RS), que decidiram apoiar o vice-presidente Marco Maia (PT-RS), presidente em exercício da Câmara. Maia recebeu sinal verde de Dilma. “Marco, eu estou plenamente atendida com sua eleição”, disse Dilma ao parlamentar, no dia de sua diplomação. Apesar do apoio da presidente eleita, ele não terá vida fácil. “Hoje existe insatisfação no PT e no PMDB com as decisões de cúpula e isso acaba criando raízes nos outros partidos da base”, diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), outro candidato à presidência da Câmara.

O vice-presidente da República eleito, Michel Temer, faz tudo para barrar as candidaturas alternativas. Com essa preocupação, ligou há dez dias para o senador eleito Aécio Neves (PSDB). “Aécio, qual é o seu dedo nisso aí? O que eu posso fazer para arrefecer outras candidaturas?”, perguntou Temer. “Não vou me intrometer na eleição da Câmara”, desconversou Aécio.

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