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OBRA
Detalhes do projeto de Niemeyer
para o prédio da Praia do Flamengo
 

Em “Explicações Necessárias”, anexadas ao projeto doado à União Nacional dos Estudantes (UNE), o arquiteto Oscar Niemeyer registra em manuscrito caprichado sua preocupação “desde a entrada até o fim do terreno” de que os futuros usuários sentissem que tinham, afinal, o que tanto desejavam. “E isso explica a praça aberta e arborizada que desenhei”, escreveu Niemeyer. A praça idealizada pelo arquiteto ficará entre o prédio principal de 13 andares e um anexo com anfiteatro, no complexo projetado para a nova sede da UNE, na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro. Aos 103 anos, Niemeyer fez questão de comparecer ao lançamento da obra, na segunda-feira 21. Aliado histórico dos estudantes, o arquiteto se debruçou pela primeira vez sobre a prancheta para esboçar o projeto em 2000, seis anos depois de a entidade estudantil receber do governo Itamar Franco a escritura definitiva do imóvel, que foi metralhado e incendiado por militares no dia 1o de abril de 1964 (leia quadro).

Colocada na ilegalidade, a UNE só voltou a ser reativada em 1979. Suas lideranças jamais desistiram de recuperar a sede, palco de movimentos históricos, como a campanha O Petróleo é Nosso, que culminou na criação da Petrobras. A execução do projeto de Niemeyer – previsto para ser concluído em 2013 – só foi possível graças à primeira indenização concedida à pessoa jurídica pelo Estado brasileiro, que assumiu a responsabilidade do regime militar na destruição do imóvel. São, no total, R$ 44,6 milhões, sendo que R$ 30 milhões acabam de ser repassados à UNE. Além de Niemeyer, compareceram à cerimônia de lançamento da pedra fundamental o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considera a reconstrução da UNE como mais um passo para a consolidação da democracia no País. Às atuais lideranças da entidade cabe agora recuperar o papel de destaque que a UNE já teve na discussão das grandes questões nacionais.

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