Doce invasão. O fluxo de turistas estrangeiros no Brasil voltou a crescer. Entre 2002 e 2003, saltou de 3,8 milhões para 4,1 milhões. Ainda não foi possível repetir os 5,3 milhões de desembarques de 2000, quando os argentinos, nossos visitantes mais assíduos, ainda circulavam por Búzios e Florianópolis com dinheiro no bolso. Mas esse crescimento de 8% indica que os gringos, quando podem, ainda batem à nossa porta e, o que é melhor, gastam cada vez mais. No ano passado, a média por pessoa foi de US$ 88 por dia, ou quase R$ 270, um recorde na comparação com os cinco anos anteriores. Os dados integram o calhamaço de gráficos sobre a demanda turística internacional no País em 2003, divulgado na última semana pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). “Esse acompanhamento é fundamental para dar direcionamento a novos projetos. Ajuda a focar os mercados que merecem investimento em marketing e a descobrir quem é esse turista e o que ele procura”, explica o diretor de estudos e pesquisas do instituto, José Francisco de Salles Lopes.

Feliz com o grau de satisfação apontado pelo levantamento, Lopes destaca que, para 56,6% dos visitantes, a viagem atendeu plenamente às expectativas. Para outros 31,7%, elas foram superadas. “Tudo isso contribuiu para que 97,2% dos viajantes ficassem com vontade de voltar”, lembra ele. A origem e o destino da maioria não surpreendem. O maior país emissor continua sendo a Argentina, apesar dos resquícios da crise financeira pós-curralito, seguido por Estados Unidos e Alemanha. As cidades mais visitadas são Rio de Janeiro (36,9%), São Paulo (18,5%) e Salvador (15,8%). Se o turismo em Florianópolis assinala uma queda substancial após 2000 (de 18,7% para 5,3%), chama atenção a maior procura por Fortaleza, pulando de 5,4% para 8,5% no mesmo período. Grande parte dos estrangeiros viaja para cá com a família (45,1%, enquanto 27,1% viajam sozinhos e 25,2%, com amigos) e se hospeda em hotel (63,7%). Quatro anos atrás, no entanto, 72,8% ficavam em hotéis. Essa queda acompanha o aumento da fatia de viajantes hospedados em casas de amigos ou parentes, que pulou de 16,9% para 24%.

Foi-se o tempo em que os turistas desembarcavam no Rio ou em São Paulo desprovidos de dicas e malícia, movidos unicamente pela curiosidade de conhecer o país de Pelé ou Tom Jobim. Ao mesmo tempo que um quarto deles tem endereço familiar por aqui, mais da metade dos visitantes foi motivada – e municiada – por informações fornecidas por amigos e conhecidos. Para 61,9%, o bom e velho boca a boca foi a principal influência para a escolha do Brasil como destino. “O mais interessante é notar que a segunda maior influência foi exercida pela internet, responsável pela vinda de 13,4% dos entrevistados”, destaca Lopes. A Embratur não perdeu tempo. Para o próximo ano, promete disponibilizar o conteúdo de seu portal em seis idiomas. Hoje, ele está apenas em português, inglês e algumas seções em espanhol. Em breve, garante Lopes, o site da Embratur estará disponível até em mandarim. Que vengam los chinos!