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MEDO
Maioline teme que seus ex-clientes não acreditem
em sua inocência e mandem matá-lo na cadeia

A aventura do golpista financeiro Thales Maioline, conhecido como o Madoff brasileiro, terminou de forma melancólica e bem longe do luxo e do glamour que marcaram os últimos dias do congênere americano. Foragido, sem dinheiro e vivendo hora na selva amazônica, ora em pequenas cidades bolivianas, Maioline decidiu se entregar. Pesando 16 quilos a menos de quando ainda ostentava carros de luxo obtidos com os golpes que lesaram cerca de duas mil pessoas e somaram mais de R$ 80 milhões, o Madoff brasileiro se apresentou a uma delegacia de polícia em Belo Horizonte na segunda-feira 13, 140 dias após ter desaparecido. Trajando uma providencial camisa de listras pretas e brancas, garantiu que não deu golpe em ninguém e que fugiu porque sua empresa simplesmente quebrou. Apesar de jurar inocência, anda assustado “Estou morrendo de medo das pessoas que aplicaram dinheiro comigo. Eles me querem mal e por isso posso ser morto na cadeia.”

Nascido pobre, no Vale do Jequitinhonha, Maioline criou um clube de investimentos que prometia a seus clientes taxas de retorno mensais de 5%, além de bônus de até 15%. O esquema operava como uma clássica pirâmide financeira. Com os recursos de novos investidores, ele remunerava os antigos. Até que a pirâmide desmoronou. “Fiquei apavorado. Um usineiro que prometera investir R$ 20 milhões comigo desistiu do negócio. Era a única forma de cobrir o rombo. Decidi fugir.” De São Paulo, ele foi para Cuiabá e dois dias depois estava em Rondônia.

Preocupado com a repercussão do caso, ele continuou a fuga em direção à Bolívia. O ex-investidor revezava suas noites entre hotéis de pescadores, acampamentos e viagens curtas dentro do país. “Resolvi voltar porque só via barreiras pela frente: a língua, a falta de dinheiro e a sensação de estar sendo perseguido”, disse. De acordo com a polícia, Maioline ainda não contou aonde foram parar os milhões de reais aplicados. “Já sabemos que boa parte do dinheiro foi usada na compra de carros e imóveis em nome de laranjas”, disse o delegado Island Batista, que chefiou as investigações. “Meu maior desgosto foi manchar o nome da família Maioline”, lamentou o Madoff mineiro. Para consolo do golpista, ninguém de sua família decidiu tirar a vida por conta de seus crimes, como fez o filho mais velho de Bernard Madoff, que cometeu suicídio em Nova York no início do mês.

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