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A arte contemporânea peruana também é destaque em duas mostras que ocupam a Galeria Leme, em São Paulo. Os trabalhos de José Carlos Martinat e Miguel Aguirre representam bem a diversidade de técnicas com que muitos artistas desse país vêm trabalhando. Martinat já é conhecido do público brasileiro. Ele participou da última edição da Bienal do Mercosul com “Monumentos Vandalizables: Abstracciones de Poder 1 e 2”, duas instalações sobre as relações entre arquitetura e intervenção urbana. O artista também é conhecido por desenvolver uma técnica de extração de pinturas, pichações e grafites de muros das cidades. Recentemente, ao atuar em Buenos Aires e Lima, causou desconforto entre as comunidades de grafiteiros, que se sentiram lesados. “Agora tenho experimentado com pichações políticas, cartazes e outros registros que encontro nas ruas”, diz Martinat. Para a individual na Leme, ele extraiu frases e propagandas dos muros paulistanos (foto).

Já Miguel Aguirre chama a atenção para a presença das novas linguagens artísticas no campo da fotografia. Em “Blown-Up”, ele apresenta uma série de imagens inspiradas no filme “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni. Nesse filme, um fotógrafo de moda chega ao limite do realismo da imagem ao ampliar uma fotografia na tentativa de resolver um crime. Na mostra, o artista transpõe o processo fotográfico para o mecanismo de impressão offset, de forma a questionar a construção da imagem para possíveis usos políticos. Para isso, serve-se de fotografias de imprensa, nas quais tanto a diplomacia internacional quanto a política brasileira se utilizam da estética futebolística. “Fiz o trabalho em maio, quando dois aspectos decisivos me influenciaram na seleção das fotos. Um foi externo: a Copa do Mundo da África do Sul. Outro, interno: muitas fotos da imprensa mostravam políticos do Brasil com colegas estrangeiros em poses idênticas ou parecidas com a dos atletas”, conta Aguirre. “Me pareceu interessante destacar esse aspecto através do qual os políticos sentiram-se mais próximos do público.”