Os lençóis nacionais estão desarrumados, graças aos 80% de brasileiros que se mostram felizes e satisfeitos com o sexo. É o que garante uma pesquisa sobre sexualidade da Durex Network, empresa multinacional de preservativos. No estudo A face global do sexo 2008: confiança sexual foram entrevistadas 26 mil pessoas em 26 países, nos cinco continentes. O Brasil é a pátria dos campeões da elevada auto-estima sexual, com 80%, seguido pelo México (78,4%) e pela Nigéria (78,2%). O Japão está na lanterna, com menos de 55%.

Como em se tratando de sexo o povo gosta de se gabar além da conta, quanto esses resultados representam a realidade? De acordo com o médico Miguel Jorge, especialista em saúde pública e um dos coordenadores da pesquisa, os dados são realistas. "O Brasil tem características que levam a uma confiança maior da população no sexo", diz. Por exemplo, países com grandes áreas rurais – como China, Índia e nações do Leste Europeu – onde se vive longe dos centros urbanos, apresentam um grau menor de confiança sexual pela falta de informação. Não é o caso do Brasil.

No quesito fonte de educação, o brasileiro não recebe educação formal na escola sobre sexo tão cedo quanto o mexicano (12 anos) ou o austríaco (12,4 anos). As primeiras instruções por aqui costumam ser transmitidas aos 13 anos. "Por outro lado, ele menciona um número maior de fontes de informação", diz Jorge. Além de revistas, livros e internet, que fazem parte da busca por conhecimentos na área em qualquer país, 30% dos brasileiros têm nos pais uma fonte segura para dúvidas sexuais, contra 20% em média nos demais países. Em solo nacional também é comum amigos conversarem sobre o tema (75%).

Alcançar o primeiro lugar em satisfação não significa confiança em temas fundamentais, como saber se proteger de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O Brasil está atrás da África do Sul, da Espanha e da Suíça. Também deixa a desejar quando o assunto é como evitar uma gravidez indesejada – ele perde para sul-africanos, espanhóis e canadenses.

Outro trabalho, coordenado pela professora Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostrou que para 100% das pessoas o sexo é importante na harmonia do casal. Os dados são do estudo Mosaico Brasil, do laboratório Pfizer. A pesquisa, que está prevista para ser concluída no final do ano, mapeará o comportamento afetivo-sexual em dez capitais do País. As primeiras conclusões são das entrevistas com 1.715 participantes do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. "Quase 70% deles receiam decepcionar o parceiro no ato sexual", diz Carmita. Uma surpresa no país da elevada auto-estima entre lençóis.

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