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BIODISEL
Plantação de palma em fazenda da Vale, no Pará. A gigante da
mineração pretende trocar parte do diesel convencional usado em
seus trens por biocombustíveis nos próximos quatro anos

O Grupo Bimbo, maior empresa panificadora da América Latina, anunciou recentemente um investimento fora dos padrões para uma companhia que produz pães. Ele vai construir um parque eólico de US$ 200 milhões, no sul do Estado mexicano de Oaxaca. Com a instalação das turbinas, que transformam a força dos ventos em energia elétrica, o grupo deve suprir toda >>
a demanda por eletricidade das operações no México – país que responde por 50% das atividades do Bimbo no mundo.
Fazer a própria geração é uma tendência entre empresas com grande demanda por energia. E, num cenário em que é preciso cortar emissões de gases do efeito estufa, as fontes renováveis são as campeãs incontestes na preferência dos empresários. O Piedra Larga, nome dado ao parque de cata-ventos do grupo, entrará em operação comercial no final de 2011 e terá uma potência instalada de 90 megawatts, suficientes para abastecer 65 instalações da empresa.

Para companhias situadas em países europeus e no Japão, gerar a própria energia pode ser mais barato do que comprar de fontes caras como termelétricas e usinas nucleares – predominantes nesses lugares. “No Brasil, não existe alternativa mais barata do que a hidrelétrica. Por isso, ela ainda será predominante por muito tempo”, diz Fabiano do Vale de Souza, gerente de inovação e melhoria da consultoria ambiental Essencis. Mesmo assim, ele acrescenta, deve aumentar nos próximos anos o número de indústrias que utilizarão energia gerada por queima de biomassa – como bagaço de cana, por exemplo.

De acordo com o último relatório da Agência Internacional de Energia, o investimento global em geração de renováveis – liderado por solar e eólica – chegou a US$ 112 bilhões em 2008 e se manteve estável em 2009, apesar da crise econômica mundial. Em dez anos, esse valor deve chegar a US$ 1,7 trilhão, segundo documento divulgado na semana passada pela organização Pew Charitable Trusts.
“Investir em eólica garante que teremos estabilidade nos preços da energia elétrica, ao contrário da volatilidade que vivemos em anos anteriores”, diz Francisco Avelar, diretor de planejamento financeiro do Grupo Bimbo no México. Outra estabilidade garantida é a de transmissão. “A infraestrutura brasileira é deficiente e pode haver interrupções de fornecimento – o que não é bom para uma indústria que precisa de energia constante”, diz Souza, da Essencis.

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EÓLICA
O grupo mexicano Bimbo investirá
us$ 200 milhões em energia 100% limpa

Como a energia gerada por queda d’água ainda é a mais competitiva no Brasil, grandes indústrias investem nessa fonte para suprir parte da própria demanda. A Fibris, de papel e celulose, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a mineradora Vale são algumas das que já possuem suas próprias centrais hidrelétricas. Além disso, esta última está plantando mais uma semente para um futuro cada vez menos dependente da queima de combustíveis fósseis. A empresa possui uma plantação de palma no Pará que, em 2014, vai produzir biodiesel que será misturado ao óleo normal para mover 216 locomotivas da companhia.

O Grupo Bimbo cogita gerar a própria eletricidade também em terras brasileiras. “O Brasil é uma das operações que mais crescem no grupo. Paralelamente, é um dos países que estão impulsionando projetos de energia renovável”, diz Avelar. Ele revela que uma das próximas etapas da estratégia do grupo é realizar análises das diferentes alternativas possíveis no País. E a eólica é forte candidata.

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