Mapas invisíveis/ Caixa Cultural Rio de Janeiro – Galeria 1, Rio/ até 5/1/2011 Histórias de mapas, piratas e tesouros/ Itaú Cultural, São Paulo/ até 19/12

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NAVEGANTES
“Pulsão escópica”, de João Castilho, integra a instalação
“Pirataria”, sob coordanação do Cia de Foto

Ao pintar o Rio de Janeiro do século XVI, o artista viajante europeu normalmente escolhia a Baía de Guanabara ou a Floresta da Tijuca. Hoje, o turista que pensa no Rio de Janeiro prefere Copacabana. Esses lugares tornaram-se referências culturais. “Mas o surgimento de Copacabana está ligado a um fato alienígena que foi a chegada da imagem de Nossa Senhora de Copacabana, de origem boliviana”, conta a curadora Daniela Name, que convidou 12 artistas para remapear a paisagem carioca na mostra “Mapas Invisíveis”, montada na Caixa Cultural Rio. Daisy Xavier resgata a santa boliviana ao contar a história do bairro e dos pescadores do Posto 6; Daniel Senise recolhe folhas do cemitério São João Batista; Anna Bella Geiger revisita a zona portuária; Rosangela Rennó elege a região apelidada de Saara para homenagear a convivência entre católicos, árabes, judeus e coreanos; Suzana Queiroga revisita a Baía de Guanabara pelo viés das favelas do Complexo da Maré. O Rio de Janeiro dos mapas reais não é o mesmo de “Mapas Invisíveis”. Em São Paulo, outra exposição redimensiona fronteiras antes estritamente delineadas e constata: fotografia, cinema e artes visuais são hoje áreas comuns. “Antes, se falava que ‘uma imagem valia por mil palavras’, mas hoje ela já não conta toda a história”, afirma Eduardo Brandão, curador de “Histórias de Mapas, Piratas e Tesouros”, no Itaú Cultural. “Hoje, a imagem viaja por caminhos que antes não existiam. E, por estar em xeque, ela se agarra ao cinema, ao vídeo, ao computador, ao celular. A fotografia é apenas uma das ferramentas para se entender o lugar onde vivemos.” Com cocuradoria do coletivo Cia de Foto, a exposição reúne artistas do Brasil, Argentina, Colômbia, Cuba, Peru e Venezuela.

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ENIGMA
Vídeo de Giselle Beiguelman desenha
paisagem carioca como abstração luminosa

As 66 obras apresentadas no Itaú Cultural dividem-se em três grupos inter-relacionáveis: mapas, piratas e tesouros. O artista é um pirata quando lida com a profusão de significados em atividade na internet. Como ocorre no trabalho “Pirataria”, uma parceria entre o coletivo Galeria Experiência, o fotógrafo João Castilho, o cineasta Marcelo Pedroso e o DJ Guab, em que retratos de internautas são roubados da rede. O artista é um escrivão de mapas e coordenadas geográficas quando navega no oceano informacional. E o artista encontra tesouros quando aprende a lidar com textos, imagens e a complexa rede de dados da contemporaneidade. Isso ocorre no vídeo “Sal e Prata”, em que Rodrigo Braga cava a terra com uma colher para depois enterrar essa mesma colher, como se escondesse algo precioso.

Em “CGH-SDU”, Giselle Beiguelman documenta uma viagem de ponte aérea entre São Paulo e Rio. Esse vídeo faz também a ponte entre as duas exposições. Poderia perfeitamente estar em “Mapas Invisíveis”, já que, ao alterar o programa de leitura digital da luz, a artista nos conduz a uma paisagem inédita e quase indecifrável do Rio de Janeiro.

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VESTíGIOS
Senise mapeia o bairro de Botafogo
a partir do cemitério São João Batista