chamada.jpg
FRUSTRAÇÃO
Mensagem da ONG Oxfam chama a atenção para a COP16,
que pode naufragar depois de declaração do japonês Jun Arima (abaixo)

img.jpg

 
 

A COP16 começou mal. Se as expectativas já eram baixas antes mesmo do início da Conferência do Clima, na semana passada em Cancún (México), o Japão enterrou de vez as esperanças de um acordo global. O país, uma potência econômica responsável por grandes emissões de gases do efeito estufa, divulgou logo no segundo dia do evento que não assinaria uma extensão do Protocolo de Kyoto. O documento de 1997 – ratificado pelos japoneses e outros países industrializados – prevê um corte de emissões em 5% em relação às taxas dos anos 1990 até 2012. Os EUA nunca fizeram parte do acordo, mesmo sendo o segundo país que mais lança gases tóxicos no ar.

“O Japão não vai se comprometer com a meta do Protocolo de Kyoto sob nenhuma condição e em nenhuma circunstância”, afirmou Jun Arima, um oficial do Departamento de Indústria e Comércio do governo japonês. A frase, proferida numa sessão aberta ao público, foi a mais forte contra o protocolo – o que surpreendeu as outras delegações. Os representantes japoneses tampouco explicaram os motivos para a declaração repentina.

“O perigo é que outros países possam seguir o exemplo do Japão e fugir de acordos”, disse ao jornal inglês “The Guardian” Paul Erik Laurisden, porta-voz da organização Care International. No passado, o país se comprometeu em aceitar um futuro acordo global de redução de emissões. Eles defendem um único tratado que reúna todas as nações, inclusive os EUA.

O encontro de Cancún é visto com atenção pelos países em desenvolvimento, que esperam pelo detalhamento dos mecanismos de financiamento para ações de corte de emissões e adaptação às mudanças climáticas (leia quadro). Mesmo assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a viagem até Cancún por acreditar que a reunião “não vai dar em nada, não vai haver avanço nenhum”. Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Jacob Zuma (África do Sul) eram alguns dos 20 chefes de Estado esperados até o fim da semana passada.

Principal negociador brasileiro em Cancún, o diplomata Luiz Alberto Figueiredo declarou estar frustrado com as negociações. Ele diz que o que acontece é parecido com o que ocorria em Copenhague no ano passado: um país não faz nada até que outro tome a iniciativa. “Estamos fazendo o que nos comprometemos, mais rápido do que prometemos”, disse Figueiredo, em referência às taxas de desmatamento da Amazônia. Ao que tudo indica, o encontro terá um futuro tão nebuloso quanto o do planeta.

img1.jpg