Foi o primeiro e grande passo. Mas ainda há muito a fazer. O desmantelamento de parte importante da estrutura do tráfico no Rio representou um marco no combate às drogas no País – e, por tabela, diminuiu a violência na região. A ofensiva que levou à apreensão de toneladas de narcóticos e armamento pesado, resgatando a normalidade nos morros cariocas, encurralou as facções de criminosos que dominavam a cidade, tirou delas o “material de trabalho” e ainda colocou sob pressão seus líderes, que se converteram em fugitivos sem poder de articulação. Agora é vital prosseguir na ação com o objetivo de asfixiar de vez o funcionamento desse sistema que coloca a população fluminense sob jugo e constante domínio do medo, refém de um banditismo intolerável. A sociedade tem, mais do que nunca, um amplo e decisivo papel a desempenhar nessa guerra. Deve partir dela o engajamento contra o chamado uso recreativo – e aparentemente inofensivo – das drogas que financiam o aparato das quadrilhas. A traficância não tem viabilidade sem a outra ponta do processo. É incongruente, sem sentido e, naturalmente, hipócrita aquele cidadão que vai às ruas durante o dia protestar pela paz e sobe à noite para as bocas de fumo em busca de uma dieta regular de alucinógenos com o intuito do uso próprio ou para regar suas festinhas e encontros sociais. Ele negocia direta ou indiretamente com marginais, mas, cinicamente, se recusa a acreditar que vem contribuindo para a sobrevida desses bandos organizados. Naturalmente, não é crível imaginar o completo banimento do comércio de drogas no Rio de Janeiro, um fenômeno que de mais a mais toma conta da maioria das metrópoles no Brasil e no mundo e que se transformou numa questão de saúde pública para milhares de dependentes. Porém, a colaboração e conscientização daqueles que podem atenuar o problema e evitar a escalada desse processo é fundamental. Com a atuação sincronizada das polícias militar e civil e das Forças Armadas será possível também reforçar a repressão nas rodovias e fronteiras, evitar o controle territorial das quadrilhas e seguir no trabalho vital de pacifi cação das comunidades e da inclusão dos desassistidos. A união e o empenho dos vários setores da sociedade é que poderão levar à vitória final contra a ditadura do tráfico e o flagelo da Cidade Maravilhosa.