Na semana passada, o Censo trouxe a público uma boa notícia. A esperança de vida ao nascer em 2009 alcançou os 73 anos e dois meses – um aumento de 3 meses em relação ao ano anterior. Mas os dados escondem um retrato do País que pede atenção, pois os homens continuam vivendo menos do que as mulheres. Em 2009, a expectativa de vida deles era de 69 anos, enquanto a delas atingiu os 77. E mais: esta diferença vem aumentando a longo prazo. Em 1910, as mulheres viviam um ano e dois meses a mais que os homens. A diferença subiu para seis anos e um mês em 1980 e, hoje, é de sete anos e sete meses. A esperança de vida dos homens evolui mais timidamente – aumentou nove anos de 1980 a 2009 enquanto a delas subiu 11 anos.

O fenômeno é mundial, mas é mais acentuado em nações em desenvolvimento, como o Brasil. “Sempre que uma cidade ou um país passa por um rápido processo de urbanização, as taxas de homicídio, suicídio e acidentes de trânsito aumentam significativamente”, diz o técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Fernando Albuquerque. “E os homens, por suas características biológicas e por seu estilo de vida, são mais suscetíveis a essas intervenções externas.” A faixa etária dos 19 aos 24 anos é a mais crítica para o sexo masculino. Em 1980, os jovens de 22 anos tinham duas vezes mais chance de morrer do que as moças da mesma idade. Hoje, a proporção é de um óbito feminino para 4,5 mortes masculinas. A tendência no futuro, no entanto, é de equilíbrio entre o tempo de vida de cada um dos sexos. “Com o crescimento das cidades e melhorias na qualidade de vida das pessoas, a expectativa de vida de homens e mulheres tende a se aproximar”, afirma Albuquerque.

Além dos motivos externos, pesquisas revelam que os homens são mais propensos a enfrentar complicações de saúde do que as mulheres desde o nascimento, o que também contribui para o encurtamento de suas vidas. Um estudo da Universidade de Tel-Aviv, divulgado recentemente, mostra que as dificuldades começam cedo. Depois de acompanhar 66 mil nascimentos, a pesquisa concluiu que os bebês do sexo masculino têm mais doenças no período neonatal do que as meninas. Da mesma forma, bebês prematuros do sexo feminino têm mais chances de sobreviver. Segundo o geneticista Salmo Raskin, só o fato de nascer homem o coloca na linha de tiro de cerca de duas mil enfermidades localizadas nos genes, como a hemofilia e o retardo mental. “A maioria das doenças genéticas é ligada ao cromossomo Y, o masculino”, diz ele. “Isso torna as mulheres menos suscetíveis a certas doenças genéticas, que são raras, mas existem.”

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