03/12/2010 - 21:00
ARTISTA VIAJANTE
“Perambulando”, de Franz Ackermann, artista residente
em Berlim, que pinta mapas de cidades universais
Com 83 obras de 26 artistas alemães, “Se Não Neste Tempo” procura refletir sobre o impacto da queda do Muro de Berlim na produção artística contemporânea da Alemanha. Da exposição participam artistas na faixa dos 30 e 40 anos, que nasceram e cresceram em um país dividido, mas que nos últimos 20 anos vem processando e registrando suas profundas transformações. Nos contrastes e continuidades produzidos entre as obras de artistas veteranos e contemporâneos, os curadores brasileiros Teixeira Coelho e Tereza Arruda, que reside em Berlim desde 1989, escrevem sua história da Alemanha reunificada.
LESTE
Pintura de Tim Eitel, da escola de Leipzig,
ecoa a ex-Alemanha Oriental
Desde as austeras representações da Brigada da Juventude Socialista, produzidas pelo pintor Werner Tübke nos anos 1960, a partir de encomendas do Partido Comunista da Alemanha Oriental, até a Alemanha internacionalizada de Franz Ackermann, há um longo caminho. Com suas composições vigorosas, construídas com fragmentos de cidades visitadas em todo o mundo, Ackermann compõe o retrato de um país aberto e comunicativo. Embora viva em Berlim desde 1993, ou seja, quatro anos depois da queda do Muro, seus trabalhos são “mapas mentais” de lugares reais e fictícios que anunciam sua decisão de ser sempre um passageiro, nunca um residente. Assim como Ackermann, artistas como Tatjana Doll, Tim Eitel, Katharina Grosse, Eberhard Havekost, Andreas Hofer e Jonathan Meese estão entre os jovens alemães que ocuparam Berlim e contribuem para que ela se torne um novo centro de atração de novos artistas de todo o mundo.
O quadro de influências e propostas apresentado pelos nomes selecionados para a mostra é tão rico e expressivo quanto a tradição pictórica da Alemanha durante todo o século XX. Reconhecemos heranças das matrizes do neoexpressionismo, por exemplo, na pintura visceral de Jonathan Meese, na gestualidade de André Butzer e no traço primitivo de Andreas Hofer. Para além da vibração de Ackermann, a Alemanha é ainda silenciosa na obra de Tim Eitel e grave nas pinturas de Meese.
A corrupção, a guerra, o neofascismo e a morte são sombras da história que impregnam com agressividade e contundência as pinturas de Meese.
VISCERAL
“Deusa da Colheita (Febe)”, de Meese