Segundo a ciência, após a grande explosão chamada Big Bang, ocorrida há cerca de 13,7 bilhões de anos, o universo foi preenchido por um longo período de trevas durante o qual nenhuma estrela iluminava a imensidão do espaço. Passadas algumas centenas de milhões de anos, explosões de raios formaram uma aurora boreal em pleno espaço – era a galáxia Baby- Boom, que despertava num fantástico show de energia cósmica. Como uma fábrica que acaba de ligar as suas máquinas, ela começou a produzir num ritmo alucinante mais de quatro mil estrelas por ano. Para se ter uma idéia dessa grandeza, a Via-Láctea em que vivemos gera anualmente somente dez. Não é sem razão, portanto, que na semana passada os astrônomos dos EUA tinham muito a comemorar com as imagens enviadas à Nasa pelo telescópio espacial Spitzer. Pela primeira vez estava- se registrando a luz de estrelas nascidas há 12,3 bilhões de anos. A ciência comprovou, assim, que o universo está mesmo em ritmo de expansão com surpreendentes galáxias que permanecem extremamente ativas.

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A Baby-Boom, ou galáxia que é fábrica de estrelas, utiliza todos os seus gases e poeira em cerca de 100 milhões de anos, período curto demais se comparado à duração de bilhões de anos da maioria das galáxias para gerar centenas de estrelas ao mesmo tempo. O resultado desse processo é surpreendente. O telescópio Spitzer, uma das mais avançadas máquinas que o homem já colocou no espaço, captou o espetáculo de cores que surgia a cada estrela nascida. Em sua estrutura tubular de 85 centímetros de diâmetro, o equipamento conseguiu enxergar lugares que a astronomia jamais imaginou existirem. Encontrar uma usina estelar não é tarefa fácil, ainda mais em se tratando da Baby-Boom, a mais antiga e distante galáxia do universo. Ela só foi descoberta graças à potência do sistema de infravermelhos do Spitzer. “Jamais seria possível enxergar algo desse tipo através de telescópios daqui da Terra. Essa é a vantagem de termos olhos que viajam pelo espaço”, declarou o astrônomo Peter Capak, do Centro Científico da Nasa, órgão vinculado ao Instituto de Tecnologia da Califórnia. Segundo Capak, muitas áreas do cosmo estão plenas de nuvens de gás e de poeira que bloqueiam a luz visível. A radiação infravermelha consegue passar por tais nuvens e permite observar estrelas em formação. Essa é a grande novidade e utilidade do Spitzer. Dotado de câmeras de raios infravermelhos, esse telescópio conseguiu registrar a maior diversidade de corpos celestes já vistos no espaço, classificando inclusive átomos e moléculas que os compõem.


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