O ser humano tem limites físicos no esporte, mas não de criatividade no desenvolvimento de tecnologias. Por que não compensar um com o outro? Pois é isso o que se verá nos Jogos Olímpicos na China. Um segundo de tempo, ou uma fração dele, é o intervalo que pode separar o ouro da prata, a prata do bronze e o bronze do nada. Assim, toda tecnologia que faz o pódio parecer mais perto é bem-vinda aos atletas e explica-se, então, por que grandes marcas como Nike, Adidas, Mizuno e Speedo, entre outras, colocaram os seus laboratórios a serviço das mais diversas modalidades. Algumas vezes, os testes até pareciam treinamento de astronauta, só que, neste caso, o outro planeta é mesmo Pequim. A Nike, por exemplo, enfileirou 76 medalhistas olímpicos num túnel de verificação de resistência. Resultado: uniformes mais leves que diminuem em 7% o atrito com o vento. Veja-se, agora, uma das grandes invenções que estarão nas quadras de basquete. É um tênis e chama-se Hyperdunk. "Experimentei o modelo. Saltei e pensei que nunca mais voltaria ao solo. É uma sensação incrível de leveza", disse Kobe Bryant, o consagrado jogador da seleção de basquete dos EUA.

A sensação de Bryant deve-se ao desenho do tênis, baseado na engenharia das pontes suspensas: as suas costuras se transformam em algo além de elemento decorativo e dão melhor impulso. A Nike também embarca para Pequim com os lutadores de tae kwon do, mais precisamente com a bota de pano chamada TKV. Totalmente articulada, ela se adapta a cada movimento, protegendo o peito dos pés que são vitais nos golpes contra o adversário. Ainda no campo dos calçados, a alemã Adidas apresentou a sua Adistar Rowing, uma sapatilha especial para o remo: em sua parte externa, há uma retranca metálica para que o atleta "cole" os pés no apoio do caiaque, transferindo rapidamente a energia de impulso das pernas para os braços. Ele rema com o dobro de força.

A marca japonesa Mizuno preparou um equipamento para os atletas do softball americano, no qual se destacam atualmente Jennie Finch e Natasha Watley. Os participantes têm, é claro, o desafio de vencer o adversário, mas lutam também contra o excessivo peso dos bastões que carregam. Pois bem, a Mizuno mergulhou na nanotecnologia para desenvolver um material leve e ao mesmo tempo resistente, esmiuçando moléculas e átomos. Chegou assim ao Black Onyx Carbon, mais resistente que o aço e seis vezes mais leve que ele. A empresa americana Speedo preferiu cair na água e crê que os nadadores só conseguirão bater recordes significativos se deslizarem mais – como tubarões. Está-se falando do Speedo LZR Racer, apelidado maiô milagroso. Desenvolvido em conjunto com a Nasa, ele é montado em processos ultra-sônicos (sem costuras, portanto). Os nadadores que se valeram do LZR estabeleceram 36 dos 40 recordes mundiais já batidos em 2008, a exemplo do francês Alain Bernard, que atravessou uma piscina de 50 metros em 21 segundos. Com outro maiô, Bernard fez os mesmos 50 metros em 24 segundos. "A boa tecnologia nos dá segundos e são esses segundos que separam os vencedores dos perdedores", diz ele.