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Quando foi consultada pelo seu ginecologista se gostaria de ser operada por um robô, a advogada Adriana Asuso, 36 anos, pediu um tempo para pensar. Afinal, nunca havia se imaginado em situação semelhante. Antes de aceitar, ela quis saber mais sobre os riscos e as vantagens da novidade. Para tirar as dúvidas da sua paciente, o médico Maurício Abrão marcou um novo encontro com a presença de um urologista e de um proctologista. Nesta conversa, Adriana soube que as pinças, tesouras e bisturis inseridas no seu corpo durante a operação seriam manuseadas por um robô, mas os movimentos seriam controlados por um médico a partir de um painel na sala de operação. Mas foi o argumento de que a sua recuperação seria muito mais rápida que a fez tomar a decisão. Duas semanas depois desse encontro, ela se submeteu a uma demorada cirurgia feita por mãos mecânicas para remover focos de endometriose (doença em que partes do tecido que recobre o interior do útero se fixam em outras áreas do organismo) do intestino.

Embora a operação de Adriana tenha sido longa, no dia seguinte ela não sentia dores e já andava pelo quarto. “Fiquei surpresa por ter um pós-operatório tão rápido”, diz ela, que já tinha feito duas cirurgias anteriores para tratar o mesmo problema. “Desta vez, não precisei nem tomar antiinflamatórios”, conta. Operar com o auxílio de robôs é uma tendência mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o recurso está integrado à rotina de 600 instituições. No Brasil, apenas os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês dispõem dessa tecnologia, que já foi empregada na realização de 70 cirurgias de alta complexidade.

O robô-cirurgião usado nos centros brasileiros tem quatro braços – enquanto três manuseiam os instrumentos, o quarto é uma câmera que oferece imagens ampliadas em até dez vezes e tridimensionais (altura, largura e profundidade). É mais um avanço em relação a um dos métodos mais usados atualmente em salas de cirurgia, a laparoscopia, em que o médico opera por pequenos cortes no abdome com pinças e cânulas, guiado por imagens bidimensionais (altura e largura) do interior do corpo humano. “A noção de profundidade e a amplitude dos movimentos do robô permitem alcançar áreas mais profundas com menor risco de lesar nervos e órgãos”, explica o médico Paulo Chapchap, do Hospital Sírio- Libanês. É o que acontece, por exemplo, nas cirurgias de câncer de próstata. Segundo o urologista Cássio Andreoni, do Hospital Albert Einstein, também é menor o perigo de infecção hospitalar. “Diminui porque o paciente fica menos tempo internado”, diz.

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